sexta-feira, 31 de agosto de 2012

NÃO É O QUE PARECE


Baby, a fera ( foto: elaine borges)

Essa gatinha aí da foto parece que vai fincar seus dentes em mim. Nada disso: não passa de um bocejo. Minha amiguinha de quatro patas estava ali, no aconchego da coberta sobre minhas pernas,  quando abriu esse bocão, bocejando. Minutos depois, voltou a dormir (gatos passam a maior parte do dia dormindo)  curtindo o frio desse finalzinho de inverno.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A LUA SOBRE O MORRO


                                Lua cheia sobre Morro da Cruz (foto: elaine borges)

Da minha janela vejo, de um lado, a bela ponte Hercílio Luz, do outro, o Morro da Cruz. Hoje, no final do dia, vi este céu meio rosa, um pouco azul, tendo como enfeite a lua cheia, bem acima do Morro da Cruz.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

INVERNO VOLTANDO

 
 Tarde de segunda e a bela ponte Hercílio Luz ( foto: elaine borges)

Dia com jeitinho de inverno: baixas temperaturas, friozinho gostoso, céu um pouco nublado... Bom pra curtir esta estação que se despede. 

PEQUENAS FELICIDADES

 
 
 
Lagoa da Conceição, flores, Baby (fotos: elaine borges)

A ARTE DE SER FELIZ

Cecília Meireles

(...) Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

sábado, 25 de agosto de 2012

O PERIGO MORA AO LADO



 Lagoa da Conceição (foto: elaine borges)

A calma da manhã desta sexta-feira anunciava que assim o dia terminaria: barcos atracados na lagoa, pássaros pousando no trapiche, as folhas dos ipês enfeitando o chão (breve é a vida dessas belas árvores), os cães da vizinhança latindo, gatos circulando pelos quintais... Nada anunciava que a  calmaria na Lagoa da Conceição seria quebrada com um assalto minuciosamente planejado. Na manhã de ontem, enquanto uma cliente da agência do Banco do Brasil retirava alguns trocados e pagava contas na caixa eletrônica, lá dentro homens mantinham o gerente e funcionários do Banco sob a mira de revólveres. Os ladrões haviam sequestrado o gerente na noite anterior. Permaneceram com ele, na pousada onde mora, e na manhã cedinho foram para o Banco. Esperaram até às 9h20m. quando o cofre abriu automaticamente e levaram cerca de 500 mil reais, alem do dinheiro das caixas eletrônicas. Uma hora antes - cerca de  8h30m. -  a cliente entrou na agência bancaria e jamais imaginou que lá dentro estava ocorrendo um assalto. Apenas percebeu que estava sozinha e que na rua não havia um automóvel estacionado. Soube do assalto ao meio-dia pelo noticiário nas emissoras de televisão. Foi então que percebeu que esteve muito próxima da cena do assalto. Foi quando sentiu medo. Aquele medo que sentimos quando passamos perto do perigo e só ficamos sabendo horas depois do acontecido. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SOBRE CÃES E POMBAS

 
 
O cão e a pombinha ( fotos: elaine borges)

Entendo os cães que voltam para o dono. Entendo, também, os pombos que viajam, mas voltam para casa. Voltar é a sina dos bons corações.
M.M.Soriano

Felizes os cães!
Machado de Assis

Os cães nunca me mordem. Só os humanos.
 Marilyn Monroe

"Os cães são o nosso elo com o Paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz."
Milan Kundera

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

MATANDO A SEDE

 
 
Baby matando a sede ( fotos: elaine borges)

Com esse calorão fora de época, minha amiguinha de quatro patas têm preferido saciar sua sede tomando água na torneira da pia do banheiro. Tanto ela como nós, de duas patas, estamos sofrendo muito com esse tempo seco. E a previsão é de que até domingo nada mudará, as temperaturas continuarão elevadas. Para onde foi o inverno? Não teremos mais aqueles dias gelados, com vento sul, tão característicos dessa estação? Que pena. Sempre preferi temperaturas baixas. O inverno e o outono ( minha estação predileta) convidam ao aconchego, a beber mais vinho, chocolate quente, café com bolo de milho...    

terça-feira, 21 de agosto de 2012

NÓS, OS SETENTÕES

 
 
Gilberto Gil ( fotos: elaine borges - arquivo pessoal)

Sobre Gilberto Gil (post abaixo) há ainda dois momentos em que eu estava próxima: durante sua prisão em Florianópolis em uma ação risível do famoso delegado Elói, e em um show no Lagoa Iate Club. Da prisão, muito já se disse e muito se escreveu. Entrevistei-o também  nessas duas ocasiões. O meu amigo Orestes Araujo, do jornal O Estado (hoje extinto) fez as fotos no LIC (não sei onde estão, um dia acharei). Faço o registro só para lembrar que o tempo passa, mas os setentões continuam na área. E eu com eles, sobrevivendo. Às vezes, (no meu caso) com alguns percalços pelo caminho. Mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

SE EU QUISER FALAR COM DEUS
Gilberto Gil
(1980)

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar.

EXPLICANDO O SILÊNCIO

 
Ipês na Lagoa da Conceição (foto: elaine borges)

Pronto, acabou o período de silêncio. Voltei. Não que nesse período não tivesse "escrito" mentalmente muitos textos cá na minha cachola. Muitas vezes o texto já estava prontinho. Só faltava o gesto decisivo:  sentar na frente do computador e teclar. Mas não sei que forças estranhas me impediam de fazer o gesto necessário: teclar, teclar e se deixar levar por aquele impulso inexplicável que só quem escreve entende. Uma vez escrevi um texto que começava assim: "Hoje vi um beija flor paradinho num fino galho seco de uma árvore bem ao lado da sacada onde eu estava. Olhei e sabia que a cena era unica. Eu não mais veria um pequenino passarinho, ali, virando o bico e, em segundos, alçar vôo. Pensei em pegar minha câmera para registrar aquele momento que sabia ser raro. Desisti. O movimento do meu corpo espantaria o bichinho. Curti o momento que nunca mais se repetiria".

Outro texto que "escrevi" era sobre os setentões famosos e os nem tanto: Gilberto Gil, Caetano Veloso,  Milton Nascimento, Paulinho da Viola... Daí lembrei que tinha umas fotos em PB de um deles, Gilberto Gil. As fotos foram feitas no início da década de 70, quando Gil foi a Porto Alegre e deu uma longa entrevista ao Juarez Fonseca, repórter da Zero Hora. Eu e alguns amigos conseguimos - com certa insistência - acompanhar o encontro em um hotel da capital gaúcha. Lembro dos gestos do Gil, sua postura, sua fala mansa. Não me perguntem o que ele disse. Não me fixei muito na sua fala mas sim nos seus gestos, no movimento dos braços, das mãos... Lembro que ele movimentava tanto os braços que parecia que iriam se transformar em asas e dali voaria através da janela. Foram esses movimento que tentei captar com minha câmera.

Mas o que eu queria escrever era sobre o tempo: setenta anos. E percebi que todos são meus contemporâneos (estou quase lá) . Nossa juventude foi vivida na década de sessenta. Conheço pessoas que tem saudades dessa década, embora tenham nascido muito depois. E com certa razão. Temos uma rica história para contar.  Nas rádios, nos toca discos (ainda curto os discos de vinil) ouvíamos Beatles, Rolling Stones, Paul Simon, Nina Simone... Nos cinemas víamos Bergman, Fellini, Monicelli,   Leone, Resnais, Godard, Terra em Transe, Vidas Secas... Percorríamos distâncias na base da carona sem medo de assaltos. Tínhamos uma fé cega de que o mundo mudaria e seria bem mais fraterno. E chegaria o dia em que o homem desfilaria com "um girassol na lapela" como dizia Thiago de Melo no Estatuto dos Homens. Santa esperança. Houve um dia que ouvíamos as músicas do Gil, Caetano, Milton, e tantos outros com o coração leve.

PS: Se não mais escrevi, continuei e continuo tentando captar o mundo que me cerca através da fotografia. E o elogio do Orlando Tambosi ( sobre a foto da collie, a linda Lola olhando a paisagem) me deixou imensamente envaidecida. Obrigada caro colega.