sábado, 30 de outubro de 2010

HORA DA DECISÃO

Reprodução TV Globo
Vamos às urnas. Hora de votar. Hora da decisão. Ontem os indecisos tiveram a última oportunidade para decidir em quem votar assistindo o debate na TV Globo. Foi um bom debate, embora cansativo. Com uma constatação: as doze perguntas feitas por eleitores indecisos deram bem a dimensão de como é grande o fosso que existe entre os temas abordados ao longo da campanha pela grande mídia e os que foram escolhidos pelos eleitores que lá estiveram - previamente selecionados pelo Ibope - para esclarecer suas dúvidas. Os eleitores indecisos manifestaram inquietações sobre segurança, emprego, saúde, meio ambiente, educação...Todos temas que afetam diretamente suas vidas. Ou seja, a agenda de escândalos, insistentemente abordadas pela mídia, nem foi questionada pelos eleitores que participaram do debate. E, segundo as pesquisas da Data Folha, os eleitores indecisos eram 8% e nos últimos dois dias somavam apenas 4%. As pesquisas também apontam Dilma Roussef como a provável próxima presidente da república. E com o meu voto. Este é o momento de decidirmos, ou por mais avanços, sobretudo por mais justiça social, ou por recuos que nos levem às práticas que beneficiam apenas grupos privilegiados, oligárquicos, que bem conhecemos.


sábado, 23 de outubro de 2010

MARINEI... E AGORA?

foto: elaine borges (*)

Como os ursos, invernei durante todo este período entre o primeiro e segundo turno das eleições. No primeiro turno votei na Marina Silva. Claro, sabia que ela não seria eleita, mas torci por um segundo turno com muita esperança que veria propostas viáveis, debates de alto nível, troca de idéias... Nada disso está acontecendo nesta reta final da campanha. Valha-me Deus, quanta baixaria!!! Lembrei de 1989, eleição de Collor. Há boatos, agressões verbais - e até "feridos" com um "artefato" invisível. A grande imprensa forçando a barra, campanhas difamatórias... Sinceramente, meu sentimento hoje é de muita tristeza e decepção: o grande momento democrático de um país o que vemos é a face mais turva de seus personagens. Afloram os preconceitos, informações dúbias, falsas, mentirosas. Questões que não deveriam fazer parte da pauta dos candidatos (discriminalização do aborto, por exemplo, que é uma questão do Congresso Nacional) suscitam discussões infindáveis.

Quando todos os brasileiros se mobilizam para escolher a maior autoridade de um país, seu Presidente de República, o que queremos? Propostas e debates sobre temas que afetam a vida de todos nós como saúde, educação, segurança pública... E não adianta fazer falsas promessas que todos nós sabemos serem impossíveis de cumprir.

Há ainda a questão da corrupção e nesse tema ninguém é santo. Há quem diga: sempre houve corrupção, portanto...Não é bem assim. Há, sim, o uso do público em favor do privado. Mas por que não começar a discutir essa tão séria questão propondo reformas políticas sérias, aplicáveis, com controle rígido sobre os três poderes?

No balanço desses tristes tempos que estamos vivendo já é evidente que a classe política sai dela mais chamuscada, desacreditada. Estamos mais despolitizados. E não temo em afirmar que o marketing político presta um grande desserviço à política. Há um excesso de perfumaria, de jogo de cena, de preocupação muito mais com os efeitos do que com o conteúdo.

Bom, após essa quase desabafo, vem a pergunta: votar em quem? O voto é secreto, mas neste momento prefiro tornar pública minha opção. Antes preciso dizer que sou daquela turma que chorou, se emocionou, quando Lula foi eleito. Pensei:"agora, sim, o Brasil será outro". Aos poucos fui me decepcionando. Vieram as alianças espúrias, os mensalões, abraços e beijinhos com os Sarneys, o Collor ( quem diria!!!), concessões... Ética, a bandeira do PT, foi para o lixo. A defesa do meio-ambiente foi esquecida em favor das grandes obras...

Sim, declaro que votarei em Dilma. Sei que ela está cercada de gente da pesada. O "amigo Michel", como ela mesmo disse, recentemente, candidato a vice, é um deles. Sei lá se ela vai conseguir administrar o país com tantos compromissos (a turma do PMDB até já ensaia a divisão de poder). Mas meu voto é contra o preconceito, contra o aumento da desigualdade. Quero que os mais pobres tenham direito a uma vida digna. Quero um Brasil que seja mais social e democrático. A esperança ainda faz parte do meu vocabulário, apesar das tantas decepções.

Ainda sonho que um dia poderemos aplicar o que decretou Thiago de Mello nos "Estatutos do Homem" (Ed.Bertrand Brasil) em seu artigo III: "Fica decretado que, a partir deste instante,/ haverá girassóis em todas as janelas/que os girassóis terão direito/a abrir-se dentro da sombra,/e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,/abertas para o verde onde cresce a esperança".


(*)A minha amiguinha de quatro patas concordou comigo, mas preferiu manter seu silêncio ao lado do seu mais novo brinquedo, uma bonequinha de pano negra como ela.