“Ontem (domingo) minha filha me disse pai pela primeira vez”. A mãe da menina, Marinéia, estava radiante, feliz. Orgulhosa por ser mãe da pequena Larissa, de 11 meses. Essa cena do cotidiano - comum em casais que curtem suas crias – não mais se repetirá para Juliano. Naquela noite chovia muito e eles resolveram aconchegar Larissa na cama do casal. A menininha estava assustada. Minutos depois que os três estavam na cama, ouviram uma explosão, bem ao longe. Depois, ouviram um estrondo. Em segundos, os três foram tragados pela lama que deslizava do morro lá do lugarejo chamado Alto Baú, entre Blumenau e Ilhota, no Vale do Itajaí. Juliano ainda segurou com uma das mãos a Marinéia e com a outra pegou firme a mãozinha da Larissa. Sem forças, soltou a mão da mulher e tentou, com muito esforço, continuar segurando a filha. A força da lama foi mais forte. Ambas foram tragadas por aquela mistura de lama e água. Eram 2oh15m. Daqueles minutos em diante a vida de Juliano se transformou: “em menos de 1 minuto, eu perdi as duas”. A enchente em Santa Catarina matou seus dois grandes amores: a mulher e a filha. Hoje ele é um dos tantos entre as 54 mil - homens, crianças, mulheres - que estão desalojados e espalhados em diversos abrigos de Santa Catarina, vítimas dessa imensa tragédia que já deixou 84 mortos e isolou dez municípios.
Cada desalojado tem histórias muito tristes para contar. Têm os que perderam as casas, que viram pessoas serem soterradas, velhos a espera de socorro, homens enterrando as mãos na lama a procura de prováveis sobreviventes... Muitos lembram cenas de desespero, de dor e choram. São vítimas dessa imensa tragédia que se abateu sobre Santa Catarina.
Juliano não dorme há duas noites e não consegue chorar: “tem horas que não sei o que fazer e só posso me levantar para tentar chorar num canto sozinho”.
(A história do Juliano li hoje, no Estadão – matéria do Eduardo Nunomura, enviado especial a Blumenau).
Puxa, prazer estar de novo em seu espaço! Que é muito bom! Entendi por que Jus Sperniandi a indica...
ResponderExcluir;-)
Adoro suas referências a animais. Amo demais os animais. E tenho gata e cachorra. E agora mesmo a gata está aqui ao lado, talvez conferindo o que escrevo...
Por favor, se cuida em SC. Como a situação está feia!!! Ficamos aflitos aqui de ver. Temos amigos aí -- e agora você é mais uma amizade.
E você, quando conhecerá Brasília?
é emocionante o depoimento das pessoas que estão sofrendo com esta tragédia. Choro muito com a dor dos meus irmãos catarinenses.
ResponderExcluirVirgínia