segunda-feira, 6 de abril de 2009

LE CLÉZIO E A ÁFRICA

O que se faz quando seu mundinho parece que dá uma pequena parada e exige de ti certo recolhimento? Ler. Se já é imensamente prazeroso ficar recolhida lendo ou relendo livros, nesse período de silêncio fui às leituras. Mas há um livrinho em especial que me deu imenso prazer de ler: L'Africain, de J.M.G. Le Clézio, escritor frances que ganhou o Nobel de Literatura em 2.008. E eu redescobri (obrigada, Lenina) um escritor envolvente (pelo menos nesse livre de poche da coleção folio), ao nos conduzir a um mundo totalmente misterioso, sofrido, bonito, duro, que é a África do Oeste, a Nigéria e arredores. É desse mundo, nas décadas de 30 e 40 do século XX, que o escritor fala, contando os anos que lá viveu ( quando tinha oito anos) mas, principalmente, a vida de seu pai, um médico. É esse médico - O Africano - que dá título ao livro. Um homem que viveu em um país totalmente oposto ao seu (a França) e lá descobriu a plena felicidade, mas também o pessimismo, a tristeza. Um médico que ficou longe da sua família por 15 anos, trabalhando em lugares distantes de tudo, com estradas precárias, sem meios de transportes , sem água encanada, luz elétrica, com imensa pobreza... Lá, onde por momentos ele viveu plenamente feliz, mas que também o afastou de sua família ("Ce pays d'Afrique où il avait connu le bonheur de partager l'aventure de sa vie avec une femme, à Banso, à Bamenda, ce même pays lui avait volé sa vie de famille et l'amour des siens"). É parte da vida desse homem, seu pai, que Le Clézio fala. Um homem que, ao retornar à França (Nice), confessou ao filho se sentir derrotado e pessimista. E, se pudesse refazer sua vida, seria médico veterinário porque "os animais são os únicos a aceitar seus sofrimentos".

2 comentários:

  1. Que que voltaste, Elaine, para nos brindar com tuas leituras como esta sobre O Africano. Que beleza! O trecho reproduzido em francês nos dá a diéia da excelência desse autor que nunca li, mas que agora, com teu post, me deu uma vontade danada de compartilhar dessa aventura. Melhoras e mais melhoras. Bjs.

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  2. Nane, meu encantamento foi tanto com esse livro que pensei, no momento em que o terminei, que ele tinha que ir para as tuas mãos.

    E eu, que mal vivi essa infância próxima à natureza que ele descreve, fiquei com saudade de um tempo perdido em outras existências, mas não por isso menos meu.

    [Tens que vir pra FNAC daqui, que agora tem uma seção ótima de pockets franceses. {convite feito}]

    Beijos!

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