terça-feira, 21 de agosto de 2012

NÓS, OS SETENTÕES

 
 
Gilberto Gil ( fotos: elaine borges - arquivo pessoal)

Sobre Gilberto Gil (post abaixo) há ainda dois momentos em que eu estava próxima: durante sua prisão em Florianópolis em uma ação risível do famoso delegado Elói, e em um show no Lagoa Iate Club. Da prisão, muito já se disse e muito se escreveu. Entrevistei-o também  nessas duas ocasiões. O meu amigo Orestes Araujo, do jornal O Estado (hoje extinto) fez as fotos no LIC (não sei onde estão, um dia acharei). Faço o registro só para lembrar que o tempo passa, mas os setentões continuam na área. E eu com eles, sobrevivendo. Às vezes, (no meu caso) com alguns percalços pelo caminho. Mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

SE EU QUISER FALAR COM DEUS
Gilberto Gil
(1980)

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar.

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