segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A MORTE DE UM POETA

Oliveira Silveira(1941/2009)

Posted by Picasa


Morreu Oliveira Silveira. Morreu um conterrâneo. De Rosário do Sul. Amava tanto sua terra que pediu que suas cinzas fossem lançadas lá, talvez no rio Santa Maria, ou no Ibicuí. Essa informação eu não tenho. Sei que no dia 1° de janeiro, às 23 horas, morreu, em Porto Alegre, um grande homem. Tinha 67 anos. Foi professor, poeta, escritor e, antes de tudo, um grande lutador contra a discriminação racial e idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra - 20 de novembro.
Tinha dez publicações, textos em antologias como “Cadernos Negros”, “Razão da Chama”, além de poesias publicadas no exterior.
Em uma entrevista ao Portal Afro ele explicou porque o 20 de novembro foi a data escolhida para Dia Nacional da Consciência Negra:
“O 20 de novembro começou a ser delineado em encontros informais na Rua dos Andradas, aqui em Porto Alegre. Estávamos em 1971. Reuníamo-nos e falávamos muito a respeito do 13 de maio, do fato desta data não ter um significado maior para a comunidade. A partir desta constatação comecei a procurar outras datas que fossem mais significativas para o movimento. Comecei a estudar a fundo a história do negro e constatei que a passagem mais marcante era o Quilombo dos Palmares. Como não havia datas do início do quilombo, tampouco do nascimento de seus líderes, optei pelo 20 de novembro”.
Também gostava de lembrar como começou a escrever:
“A literatura surgiu em minha vida na época em que ainda morava em Rosário. Minha infância foi marcada pela poesia popular, quadrinhas e versos de polca entoados durante os bailes campeiros. Ritmos típicos do meio rural gaúcho. É um momento especial, onde as mulheres tiram os homens para dançar e aí se cantam versos, o par diz uma quadrinha um para o outro, começando pelo rapaz e respondida pela moça. Também me lembro dos "causos" contados pelos mais velhos na cozinha, ao redor do fogareiro. Essas narrativas são um substrato da minha literatura.
Mais adiante tive contato com livros e comecei a escrever. Em 1958 publiquei meu primeiro poema, num jornal de Rosário. Isso foi muito importante para o início de minha carreira”.

Morreu um militante negro, um poeta e, antes de tudo, um eterno lutador contra o racismo que, em pleno século 21, há ainda quem não admite que somos todos iguais.

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