A MÍDIA EM SC
A Folha publicou na sua edição de terça-feira uma notícia que merece ser reproduzida. O texto, assinado por Pablo Solano, da Agência Folha, informa que o Ministério Público Federal de Santa Catarina quer anular a venda do jornal A Notícia, de Joinville, para o grupo RBS.
Eis o texto na íntegra:
"O Ministério Público Federal em Santa Catarina ingressou com ação civil pública para anular a venda do jornal "A Notícia", de Joinville, para o grupo RBS. Segundo a Procuradoria, a RBS se tornou dona de quatro diários catarinenses. A ação quer ainda obrigar a RBS a vender 4 de suas 6 emissoras de TV em SC. O Cade (Conselho de Defesa Econômica), que autorizou a venda, também vai responder ao processo, assim como o ex-controlador do jornal, Moacir Thomazi. A RBS é acusada de obrigar distribuidores e vendedores de jornais a não comercializarem publicações de outras empresas. A RBS diz que "todas as operações e veículos do grupo em Santa Catarina atendem minuciosamente às especificações legais". Thomazi afirma que todas as questões jurídicas do negócio são de responsabilidade do comprador".
Essa informação não é novidade cá em Santa Catarina. O fato é que, desde que A Notícia, tradicional jornal de Joinville, foi vendido há cerca de dois anos, ficou evidente que o grupo RBS se tornou o dono quase que absoluto da mídia (jornais, rádios e emissoras de televisão) cá no sul. Em Florianópolis, há o jornal Notícias do Dia, que ainda resiste bravamente nessa disputa por leitores, mas tem pouquíssima influência. Os quatro diários catarinenses são do Grupo RBS. Há ainda as emissoras de rádio - Itapema, CBN, Atlântida FM, a TVCOM, a RBS/TV, mais as filiais no interior do Estado.
Com esse monopólio quem perde são os leitores e nós, jornalistas. Os leitores porque ficam sem opção, sem escolha. As notíciais - muitas - são publicadas sem a cuidadosa apuração dos fatos, deixando visível o comprometimento com os fortes grupos empresariais, com os poderes estaduais, municipais, com o legislativo...
E os profissionais da mídia porque fazem matérias para os jornais que são aproveitadas nas rádios, nas emissoras de televisão e, temendo o desemprego, se submetem a serem tristemente explorados. É claro que há as exceções de sempre. E, se há um domínio quase total do Grupo RBS, os cursos de jornalismo proliferam (até bem pouco tempo havia dez faculdades de jornalismo em todo o Estado). Ou seja, há muitos profissionais recem formados dispostos a pegarem o primeiro emprego e, com escassas opções, se submetem aos pesados esquemas do Grupo RBS.
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