domingo, 27 de setembro de 2009

TARDE DE DOMINGO

foto: elaine borges

Foram raros os momentos sem chuva neste domingo, cá na Ilha. Na Lagoa da Conceição, os barcos permaneceram atracados.

CHUVA DE GELO

Mais uma vez, Santa Catarina enfrenta temporal com vendaval e “chuva de gelo” como descreveram moradores do município de São José, ao lado de Florianópolis. Houve também queda de granizo em Rancho Queimado, Biguaçu e Governador Celso Ramos, causando destelhamento das casas e prejuízo nas lavouras. Na Ilha, de manhã cedinho, em algumas regiões, pedrinhas de gelo caíram, mas sem causar muitos estragos. Segundo a Defesa Civil, 12 municípios das regiões Oeste, Grande Florianópolis e Sul registraram ocorrências de vendaval nas noites de sábado para domingo. Em Antônio Carlos o prefeito já decretou situação de emergência. As chuvas com ventos fortes devem continuar até amanhã, segundo alerta da Defesa Civil.
Nos últimos dois meses choveu acima da média em Santa Catarina. Como o solo está muito encharcado, não está afastada a hipótese de novos deslizamentos de terra, em especial no Litoral e no Vale do Itajaí, regiões que a Defesa Civil está dando uma atenção especial e fazendo alertas à população.

sábado, 26 de setembro de 2009

JEANNE MOREAU E A VIDA


Jeanne Moreau (reprodução)



Na minha vida, todos os filmes, mesmo os que não foram bem-sucedidos, construíram quem eu sou, não só a atriz mas principalmente a mulher. Minha vida toda é dedicada à tentativa de descobrir a natureza humana. Temos uma vida que nos é dada e precisamos fazer alguma coisa com ela. Não só ganhar dinheiro, casar, ter filhos, ficar velhos e morrer sem entender porque estamos neste mundo. Temos que buscar respostas. E eu sempre tive uma enorme curiosidade em relação à vida. Tenho certeza que morrerei sem ter entendido a natureza humana, mas não vou deixar de tentar.


O trecho acima é de uma entrevista que Jeanne Moreau deu a Leonardo Cruz, da Folha. Moreau é a grande homenageada do festival de Cinema do Rio. A dama do cinema francês , hoje com 81 anos, foi dirigida por Orson Welles, Buñuel, Truffaut ("Jules e Jim", lembram?) Malle...

BELO CAOS

foto: elaine borges
Final da tarde de ontem, Beiramar Norte, momento de calma após o caos que se instalou na Ilha. Caos que deve continuar nos próximos dias.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CHOVE, CHUVA...

foto: elaine borges

Chove, chuva, chove sem parar... Lembrando Jorge Ben Jor, o final da tarde foi assim, com muita chuva cá em Florianópolis. Da janela, vi grossas nuvens cobrindo a Ilha.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

PRIMAVERA CHUVOSA

foto: virgínia figueiredo

Esse belo Ipê - tendo ao fundo a Lagoa da Conceição - durou poucos dias. Suas flores não resistiram às chuvas e aos ventos que sopraram por aqui. E a Primavera, que começou ontem, também promete ser uma estação chuvosa. Estamos sob a influência do El Niño, cuja última "aparição" por aqui foi em 2003. A previsão é de que a estação das flores terá mais cara de outono.


UM DIA, UMA GATA...E OS LIVROS


fotos: elaine borges


Há dias não tenho muita vontade de sentar aqui e escrever. Ficamos cá no apartamento – minha amiguinha de quatro patas e eu – fazendo o que mais gostamos. Ela dormindo a maior parte do dia. Ou atrapalhando minhas tentativas de arrumar as papeladas (documentos, recibos, contas...) na caixa de papelão que comprei com essa finalidade: organizar os inúmeros envelopes, cobranças, faturas, que recebemos semanalmente. Esses tais documentos espalhados pela casa um dia iriam sumir, e aí, fazer o que? Evitar o pior, organizá-los, ou seja, colocar tudo numa caixa e, no final do ano, separar para a declaração do imposto de renda. Bem, essa é uma parte da vidinha nossa. Só que a Baby gostou tanto da caixinha que decidiu transformá-la em cama. Não foi fácil: seu corpinho, um pouco gordinho e muito peludo, é maior do que a caixa. Mas gato (a) que é gato (a) dá um jeito. Bastou se enroscar um pouquinho. Claro que, como a Baby manda na minha vida, esperei com paciência até que ela mudasse de idéia. Resumindo: os papéis ficaram sobre o sofá e ela na caixa-cama.
Então, voltei às leituras. “Morte Em Terra Estrangeira”, outro bom policial da Donna Leon, ainda me prende porque não sei quem matou o estrangeiro (estou na metade do livro). Reli “Tartarin de Tarascon”, do Alphonse Daudet, e redescobri que continua sendo uma leitura prazerosa e muito divertida. Ri muito. E à espera (embora já tenha começado) está o livro do Ruy Castro, “O Leitor Apaixonado – prazeres à luz do abajur”. No prólogo ele escreve: ”A vida não é mais a mesma depois que se penetra no reino das palavras. Na verdade, não me recordo de nenhum dia em que não estivesse cercado por elas”.
Lendo apenas o prólogo, já prevejo bons momentos de leitura.
..............................................................................................................................................
Quanto à “ação entre parentes” envolvendo a senadora Ideli Salvatti (PT/SC), seu filho, nora, e o ex-marido, Eurídes Mescoloto, prefiro não comentar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SC ENFRENTA TORNADOS, CHUVAS, VENTOS...

foto: elaine borges

Tão lenta e serena e bela majestosa vai passando a vaca. (A Vaca e Hipogrifo – Mario Quintana).

Mas não foi assim que um agricultor viu duas de suas vacas serem levadas pelo tornado que atingiu o município de Guaraciaba, no oeste de Santa Catarina. “Duas vacas, de 200 quilos cada, voaram e foram parar a 50 metros”, relatou o agricultor. Uma mãe tentava segurar a filha de nove anos, mas o vento foi mais forte e a tirou de seus braços. A menina morreu. Foi uma das quatro vítimas dos fortes ventos e tornados que atingiram o Estado. Levantamentos da Defesa Civil indicam que 69 municípios estão em situação de emergência. Há ainda 172 pessoas feridas, 7.368 desalojadas e 1.500 estão em abrigos.


Outros relatos da tragédia que atingiu Santa Catarina também impressionam:


“É difícil de contar. Foi terrível, uma coisa incrível. Foi como uma bomba atômica, tudo subia e descia, voava. Daí quando descia, chupava no redemoinho. Coisa inexplicável, nunca vi”.


"A hora que começou a barulheira, eu abracei meu neto, abracei minha nora e tentei pegar meu irmão, mas não dava. O vento não deixava. Eu rodeava que nem um palhaço. Quando caí, a gente estava tudo fora da casa. Não sei nem como a gente foi parar lá. Tentei voltar para pegar meu irmão, mas o vento empurrava”.


“Eu fiquei voando girando e girando e girando dentro de casa e gritando perguntando pelo meu bebê”.


E continua chovendo em Santa Catarina. A previsão da meteorologia é de que o sábado também será chuvoso e domingo o tempo começará a melhorar. A Defesa Civil observa com atenção o rio Ararangua, na região sul, que sobe lentamente e pode interromper o trecho sul da BR-101.

domingo, 6 de setembro de 2009

TARDE DE INVERNO


Beira-Mar Norte - foto: elaine borges
O domingo foi assim, céu nublado, frio e alguns momentos com chuva. O inverno está indo embora - faltam apenas dez dias para o final da estação. Outono e inverno sempre foram minhas estações preferidas, mas, com temperaturas mais elevadas, espero que o vírus da gripe A vá embora. Até a última sexta-feira 42 pessoas já haviam morrido por gripe A em Santa Catarina e há 337 casos confirmados.

A MANEIRA IDEAL PARA LER

Se um viajante numa noite de Inverno


Ítalo Calvino (Companhia das Letras)


Capítulo I:


Escolha a posição mais cômoda: sentado, estendido, encolhido, deitado. Deitado de costas, de lado, de bruços. Numa poltrona, num sofá, numa cadeira de balanço, numa espreguiçadeira, num pufe. Numa rede, se tiver uma. Na cama, naturalmente, ou até debaixo das cobertas. Pode também ficar de cabeça para baixo, em posição de ioga. Com o livro virado, é claro.
Com certeza, não é fácil encontrar a posição ideal para ler. Outrora, lia-se em pé, diante de um atril. Era hábito permanecer em pé, parado. Descansava-se assim, quando se estava exausto de andar a cavalo. Ninguém jamais pensou em ler a cavalo; agora, contudo, a idéia de ler na sela, com o livro apoiado na crina do animal, talvez preso às orelhas dele por um arreio especial, parece atraente a você. Com os pés nos estribos, deve-se ficar bastante confortável para ler; manter os pés levantados é condição fundamental para desfrutar a leitura.
Pois bem, o que está esperando? Estique as pernas, acomode os pés numa almofada, ou talvez em duas, nos braços do sofá, no encosto da poltrona, na mesinha de chá, na escrivaninha, no piano, num globo terrestre. Antes, porém, tire os sapatos se quiser manter os pés erguidos, do contrário, calce-os novamente. Mas não fique em suspenso, com os sapatos numa das mãos e o livro na outra.
Regule a luz para que ela não lhe canse a vista. Faça isso agora, porque, logo que mergulhar na leitura, não haverá meio de mover-se. Tome cuidado para que a página não fique na sombra – um amontoado de letras pretas sobre um fundo cinzento, uniformes como um bando de ratos -, mas esteja atento para não receber uma luz demasiado forte que, ao refletir-se no branco impiedoso do papel, corroa a negrura dos caracteres como a luz do meio-dia mediterrâneo. Procure providenciar tudo aquilo que possa vir a interromper a leitura. Se você fuma, deixe os cigarros e o cinzeiro ao alcance da mão. O que falta ainda? Precisa fazer xixi? Bom, isso é com você.

SOBRE A DIFÍCIL ESCOLHA DE UM LIVRO

Se Um Viajante Numa Noite de Inverno

Italo Calvino - trechos do Capítulo I:

(...) pois então você leu num jornal que foi lançado Se um viajante numa noite de inverno, o novo livro de Italo Calvino (Companhia das Letras), que não publicava nada há vários anos. Passou por uma livraria e comprou o volume. Fez bem.
Já logo na vitrine da livraria, identificou a capa com o título que procurava. Seguindo essa pista visual, você abriu caminho na loja, através das densas barreiras dos Livros que Você Não Leu que, das mesas e prateleiras, olham-no de esguelha tentando intimidá-lo. Mas você sabe que não deve deixar-se impressionar, pois estão distribuídos por hectares e mais hectares dos livros Cuja Leitura é Dispensável, os Livros Para outros Usos Que Não a Leitura, os Livros Já Lidos Sem Que Seja Necessário Abri-los, pertencentes que são à categoria dos Livros Já Lidos Antes Mesmo De Terem Sido Escritos. Assim, após você ter superado a primeira linha de defesas, eis que cai sobre sua pessoa a infantaria dos Livros Que, Se Você Tivesse Mais Vidas Para Viver, Certamente Leria De Boa Vontade, Mas, Infelizmente Os Dias Que Lhe Restam Para Viver Não São Tantos Assim. Com movimentos rápidos, você os deixa para trás e atravessa as falanges dos Livros Que Tem a Intenção De Ler Mas Antes Deve Ler Outros, dos Livros Demasiados Caros Que podem Esperar Para Ser Comprados Quando Forem Reeditados Em Coleções De Bolso, dos Livros Que Poderia Pedir Emprestados A Alguém, dos Livros Que Todo Mundo Leu E É Como Se Você Também Os Tivesse Lido. Esquivando-se de tais assaltos, você alcança as torres do fortim, onde ainda resistem
Os Livros Que Há Tempos Você Pretende Ler,
Os Livros Que Procurou Durante Vários Anos Sem Ter Encontrado,
Os Livros Que Dizem Respeito A Algo Que o Ocupa Neste Momento,
Os Livros Que Deseja Adquirir Para Ter Por Perto Em Qualquer Circunstância,
Os Livros Que Gostaria De Separar Para ler Neste Verão,
Os Livros Que Lhe Faltam Para Colocar Ao Lado de Outros Em Sua Estante,
Os Livros Que De Repente Lhe Inspiram Uma Curiosidade Frenética E Não Claramente Justificada.
Bom, foi enfim possível deduzir o número ilimitado de forças em campo a um conjunto certamente muito grande, conquanto incalculável num número finito, embora esse alívio relativo seja solapado pelas emboscadas dos Livros Que Você Leu Há Muito Tempo E Que Já Seria Hora de Reler e dos Livros Que Sempre Fingiu Ter Lido E Que Já Seria Hora De Decidir-se A Lê-los Realmente.
(...) Tudo isso para dizer que, após ter percorrido rapidamente com o olhar os títulos dos volumes expostos na livraria, você se dirigiu a uma pilha de exemplares recém-impressos de Se um viajante numa noite de inverno, pegou um e o levou ao caixa para ver reconhecido o seu direito de possuí-lo.
Você ainda lançou sobre os livros em redor um olhar desgarrado (ou melhor: os livros é que o olharam com um olhar perdido como o dos cães nos cercados do canil municipal quando vêem um ex-companheiro ser levado na coleira pelo dono que veio resgatá-lo) e, enfim, saiu.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

OLHAR DISTANTE

foto: elaine borges

Pensando em que? Pergunto sempre a minha gatinha quando está com esse olhar tão longe! Seu mundo é mesmo intransponível e cheio de mistérios. Sentada ali, ao meu lado, enquanto escrevo e escuto minha mais nova descoberta (o cd Beirut, uma mistura de sons ciganos, dos Balcãs, com sanfonas, sax, vozes... uma maravilha) fico um bom tempo a observá-la. Ela me olha, fecha os olhos, dorme, me olha novamente.... E assim permanece. Sei, racionalmente, que animal não pensa, não tem memória, muito menos sabe sobre a passagem do tempo. Seu momento é hoje, agora. Eles não sabem que vão morrer. Não têm a mínima idéia da finitude da vida. Não sabem que há o tempo de viver e o tempo de morrer. Às vezes acho que o não saber, o não raciocinar, o não pensar, faz com que nossos amiguinhos de quatro patas reforçam ainda mais o elo de amizade e companheirismo conosco, os humanos.
O silêncio da minha Bibi, seu olhar, me intrigam. Mas não dispenso essa convivência, mesmo sabendo que nunca entrarei no seu misterioso mundo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PERIGO NAS ALTURAS


fotos: elaine borges
Hoje de manhã, vi essa senhora desafiando o perigo limpando a janela do décimo andar sem nenhuma proteção.

NO TEMPO DA RATOEIRA

foto: elaine borges

No último domingo, senhoras do Canto da Lagoa foram cantar suas Ratoeiras na Biblioteca Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição. As senhoras, com idade média de 60/70 anos - cujos nomes, infelizmente, não foram anunciados - cantaram versinhos da Ratoeira, uma espécie de brincadeira praticada desde os tempos da raspação de mandioca. As senhoras fazem parte do Grupo Amizade do Canto da Lagoa, que conta com o apoio fundamental da Telma Coelho.
Abaixo, o depoimento de Laurindo Gonçalves Pinheiro (1905/1993), antigo escrivão da Lagoa da Conceição, do livro Vozes da Lagoa, de Elaine Borges, Bebel Orofino e Suzete Sandin - edição Fundação Franklin Cascaes:

NAMORO NA RATOEIRA

Os namoros também começavam nos engenhos de farinha.
Na época da safra da mandioca, de abril a agosto, era o
costume colher a mandioca, levar para o engenho e, à noite,
toda a vizinhança ia ajudar a raspar a mandioca.
No fim da farinhada, nós resolvíamos fazer uma festinha,
Dançávamos, bebíamos cachaça queimada,
que era a bebida da época, comíamos rosca de polvilho, broa,
tomávamos um café forte e aí íamos dançar a ratoeira.
A ratoeira era uma dança.
Todos se davam as mãos, e um entrava na roda.
Aquele que estava dentro da roda cantava, e depois
botava o outro... e assim ia.
Nas cantigas, começavam os namoros.
Um cantava um verso romântico, outro mais agressivo e assim
continuava.
Algumas vezes, eu saia da ratoeira e botava a
namorada dentro da roda.
Tinha um verso que eu cantava que dizia assim:


Em cima daquele morro
tem um coqueiro furado
está cheio de lágrimas dentro
que por ti tenho chorado.

E aí eu botava a namorada na roda e vinha a resposta,
mas não me lembro.
Uns tocavam gaita, outro viola, pandeiro e faziam a festa.
Um dos versos dizia assim:

Não penses que eu
por ti morro
nem por ti ando morrendo
isto é o pouco caso
que eu por ti ando fazendo.