foto: elaine borges
No último domingo, senhoras do Canto da Lagoa foram cantar suas Ratoeiras na Biblioteca Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição. As senhoras, com idade média de 60/70 anos - cujos nomes, infelizmente, não foram anunciados - cantaram versinhos da Ratoeira, uma espécie de brincadeira praticada desde os tempos da raspação de mandioca. As senhoras fazem parte do Grupo Amizade do Canto da Lagoa, que conta com o apoio fundamental da Telma Coelho.
Abaixo, o depoimento de Laurindo Gonçalves Pinheiro (1905/1993), antigo escrivão da Lagoa da Conceição, do livro Vozes da Lagoa, de Elaine Borges, Bebel Orofino e Suzete Sandin - edição Fundação Franklin Cascaes:
NAMORO NA RATOEIRA
Os namoros também começavam nos engenhos de farinha.
Na época da safra da mandioca, de abril a agosto, era o
costume colher a mandioca, levar para o engenho e, à noite,
toda a vizinhança ia ajudar a raspar a mandioca.
No fim da farinhada, nós resolvíamos fazer uma festinha,
Dançávamos, bebíamos cachaça queimada,
que era a bebida da época, comíamos rosca de polvilho, broa,
tomávamos um café forte e aí íamos dançar a ratoeira.
A ratoeira era uma dança.
Todos se davam as mãos, e um entrava na roda.
Aquele que estava dentro da roda cantava, e depois
botava o outro... e assim ia.
Nas cantigas, começavam os namoros.
Um cantava um verso romântico, outro mais agressivo e assim
continuava.
Algumas vezes, eu saia da ratoeira e botava a
namorada dentro da roda.
Tinha um verso que eu cantava que dizia assim:
Na época da safra da mandioca, de abril a agosto, era o
costume colher a mandioca, levar para o engenho e, à noite,
toda a vizinhança ia ajudar a raspar a mandioca.
No fim da farinhada, nós resolvíamos fazer uma festinha,
Dançávamos, bebíamos cachaça queimada,
que era a bebida da época, comíamos rosca de polvilho, broa,
tomávamos um café forte e aí íamos dançar a ratoeira.
A ratoeira era uma dança.
Todos se davam as mãos, e um entrava na roda.
Aquele que estava dentro da roda cantava, e depois
botava o outro... e assim ia.
Nas cantigas, começavam os namoros.
Um cantava um verso romântico, outro mais agressivo e assim
continuava.
Algumas vezes, eu saia da ratoeira e botava a
namorada dentro da roda.
Tinha um verso que eu cantava que dizia assim:
Em cima daquele morro
tem um coqueiro furado
está cheio de lágrimas dentro
que por ti tenho chorado.
E aí eu botava a namorada na roda e vinha a resposta,
mas não me lembro.
Uns tocavam gaita, outro viola, pandeiro e faziam a festa.
Um dos versos dizia assim:
Não penses que eu
por ti morro
nem por ti ando morrendo
isto é o pouco caso
que eu por ti ando fazendo.
por ti morro
nem por ti ando morrendo
isto é o pouco caso
que eu por ti ando fazendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário