Praia da Joaquina ( foto: elaine borges - arquivo)
E quem
escolheu Florianópolis para viver e cá está há mais de 40 anos? Mario Medaglia,
jornalista, veio de Porto Alegre para trabalhar no Jornal de Santa Catarina, em
Blumenau, quando, em 1972, decidiu conhecer Florianópolis. Pronto, daqui não
mais saiu. A Ilha é assim: quem a conhece, jamais a esquece. E, se decide morar
em Florianópolis para viver, não volta mais. É a terrinha dos sonhos de todo
mundo (e não é exagero dizer “mundo”).
Relembra
Mario: “O colega da sucursal do JSC, Airton Kaniz, e o jornalista Adolfo
Ziguelli, da rádio Diário da Manhã, eram os meus anfitriões. Voltei para
Blumenau só para pedir demissão e arrumar as malas. Em seguida estava engajado
no processo de transformação para offset do jornal O Estado, saindo da sede na
esquina da Conselheiro Mafra com a Padre Roma. Uma semana depois mudamos para
os altos da Felipe Schmitt”. Arredondando as contas “dá uns 40 anos de Santa
Catarina, onde, com muito orgulho, construí toda a minha vida profissional,
ajudei um pouco na elaboração da história da imprensa catarinense. E aqui moram
minha única filha e minha neta manezinha de São José”.
Inevitável
não lembrar as mudanças que a cidade sofreu: “Nesse tempo, Florianópolis
cresceu desordenadamente (sua maior tragédia), algumas de suas melhores praias
estão poluídas, e a mobilidade urbana, termo da moda, nos faz pensar duas vezes antes de sair de
casa. Estamos diante do inevitável quando as administrações públicas não fazem
o dever de casa, especialmente na cidade que tem no turismo seu maior potencial
econômico. A especulação imobiliária e as gestões paroquiais fizeram estragos
irreparáveis. E continuam fazendo”.
E como todos
que aqui vieram quando a Ilha ainda era um paraíso, bate o momento da saudade:
“Talvez por isso, volta e meia me pego lembrando da Felipe das lajotas, do
Senadinho, das fofocas do futebol, do pastel do japonês, das travessias
balouçantes na Hercílio Luz, do caminho para as praias comendo poeira, dos
verões na bucólica Canasvieiras, dos
botecos, do bar do Hugo na Beira Mar, do Lugar Comum e do Nino, sumidouros do
nosso salário que nunca foi lá essas coisas, e dos grandes trabalhos em O
Estado. Bate a melancolia ao descer o morro na SC-401 e passar pelo prédio
agora loja de móveis”.
“Foi assim
que fiz desta Florianópolis, já com 286 anos, a minha cidade. É aqui que eu
vivo, daqui não saio, daqui ninguém me tirou, a não ser por curtos espaços de
tempo. Apesar de ainda ter que ouvir a velha acusação feita aos nascidos do
lado de lá do Mampituba. Não dou bola, já me acostumei, só fico um pouco triste
por, às vezes, ainda ser considerado um “forasteiro”, mesmo com tanto tempo de "casa”.
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