sexta-feira, 23 de março de 2012

A FLORIANÓPOLIS DA MINHA VIDA

 
Praia da Joaquina ( foto: elaine borges - arquivo)

E quem escolheu Florianópolis para viver e cá está há mais de 40 anos? Mario Medaglia, jornalista, veio de Porto Alegre para trabalhar no Jornal de Santa Catarina, em Blumenau, quando, em 1972, decidiu conhecer Florianópolis. Pronto, daqui não mais saiu. A Ilha é assim: quem a conhece, jamais a esquece. E, se decide morar em Florianópolis para viver, não volta mais. É a terrinha dos sonhos de todo mundo (e não é exagero dizer “mundo”).

Relembra Mario: “O colega da sucursal do JSC, Airton Kaniz, e o jornalista Adolfo Ziguelli, da rádio Diário da Manhã, eram os meus anfitriões. Voltei para Blumenau só para pedir demissão e arrumar as malas. Em seguida estava engajado no processo de transformação para offset do jornal O Estado, saindo da sede na esquina da Conselheiro Mafra com a Padre Roma. Uma semana depois mudamos para os altos da Felipe Schmitt”. Arredondando as contas “dá uns 40 anos de Santa Catarina, onde, com muito orgulho, construí toda a minha vida profissional, ajudei um pouco na elaboração da história da imprensa catarinense. E aqui moram minha única filha e minha neta manezinha de São José”.

Inevitável não lembrar as mudanças que a cidade sofreu: “Nesse tempo, Florianópolis cresceu desordenadamente (sua maior tragédia), algumas de suas melhores praias estão poluídas, e a mobilidade urbana, termo da moda,  nos faz pensar duas vezes antes de sair de casa. Estamos diante do inevitável quando as administrações públicas não fazem o dever de casa, especialmente na cidade que tem no turismo seu maior potencial econômico. A especulação imobiliária e as gestões paroquiais fizeram estragos irreparáveis. E continuam fazendo”.

E como todos que aqui vieram quando a Ilha ainda era um paraíso, bate o momento da saudade: “Talvez por isso, volta e meia me pego lembrando da Felipe das lajotas, do Senadinho, das fofocas do futebol, do pastel do japonês, das travessias balouçantes na Hercílio Luz, do caminho para as praias comendo poeira, dos verões na bucólica Canasvieiras,  dos botecos, do bar do Hugo na Beira Mar, do Lugar Comum e do Nino, sumidouros do nosso salário que nunca foi lá essas coisas, e dos grandes trabalhos em O Estado. Bate a melancolia ao descer o morro na SC-401 e passar pelo prédio agora loja de móveis”.

“Foi assim que fiz desta Florianópolis, já com 286 anos, a minha cidade. É aqui que eu vivo, daqui não saio, daqui ninguém me tirou, a não ser por curtos espaços de tempo. Apesar de ainda ter que ouvir a velha acusação feita aos nascidos do lado de lá do Mampituba. Não dou bola, já me acostumei, só fico um pouco triste por, às vezes, ainda ser considerado um “forasteiro”, mesmo com tanto tempo de "casa”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário