terça-feira, 6 de janeiro de 2009

TERNO DE REIS

Hoje é Dia dos Reis. Para lembrar a data, reproduzo um dos tantos relatos do livro Vozes da Lagoa, redigido e pesquisado por mim, em co-autoria com Bebel Orofino e fotos de Suzete Sandin.

O SABOR DA MELANCIA

RosalinaMorro do Badejo (*)

Eles vinham cantar Terno de Reis na porta da casa da gente.
Era o Eritiano, a Olinda, o Vitor, marido dela, e mais um outro.
Tocavam violão, outro tocava gaita e mais uma varetinha de ferro,
que eles batiam com uma faca.
Naquele tempo, tinha muito Terno de Reis, agora não tem mais
nada, acabou-se tudo...
Vinha gente lá do Campeche, até do Ribeirão cantar aqui.
Naquele tempo, não havia rádio, era só aquelas luzinhas de candeeiro.
As cantorias, a gente ia aprendendo, uma cantava,
e a gente cantava igual.
E eu gostava, acompanhava.
Eu e minha mãe íamos lá no Rio Tavares ver cantar Terno.
A minha mãe dizia:
- Vamos embora?
- Não, mãe, está tão bom aqui, está tão gostoso!
No caminho tinha muita roça de melancia e eu roubava.
Na beira da estrada, nós partíamos a melancia e,
enquanto o Terno de Reis estava lá, cantando, nós estávamos cá, comendo melancia. Ah, era tão bom!


(*) Rosalina Martins nasceu no Morro do Badejo (“lá em cima do morro”, como ela gostava de dizer), na Lagoa da Conceição, em 1921. Mulher do seu Lócio, são deles alguns dos relatos que colhemos para escrever o Vozes da Lagoa.

2 comentários:

  1. Salve, Elaine,

    vou retribuir o link.

    Grande abraço,
    Tambosi

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  2. Nane,
    seu blog começou 2009 com toda a beleza e poesia que existe.
    E como ele é um pouco meu filho bastardo (hehehe), adoro aparecer por aqui e me deparar com as novidades.

    Beijos.

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