The Starry Night (1889) - Vincent Van Gogh
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
E tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.
Os versos acima são da belíssima música de Orestes Barbosa (1893/1966), a conhecida "Chão de Estrelas".
E volto ao assunto "em defesa do céu noturno e pelo direito à luz das estrelas", tema discutido pelos astrônomos reunidos em Assembléia Geral no Rio (Estadão - 14 de agosto). Os astrônomos afirmam que "um céu noturno não poluído, que permita a contemplação do firmamento, deve ser considerado um direito sociocultural e ambiental fundamental". E para defender esse direito criaram a Maratona Via Láctea. Nas próximas semanas vão promover encontros para o povo "medir e conhecer o impacto do excesso de luz na cidade em que vive". Os astrônomos constataram que há iluminação excessiva e sugerem "investimento no astroturismo e a racionalização da iluminação". Eles constataram que a poluição luminosa é fácil de combater e sugerem que sejam colocadas tiras de alumínio ao redor das lâmpadas dos postes para direcionar a luz para baixo. E citam como exemplo o que foi feito em um condomínio, em Friburgo, diminuindo em 50% o custo da iluminação. Também observam que no Chile já foi implantado o turismo astronômico, e com lucro.
A idéia é incentivar as pessoas a busca pelo céu estrelado.
Céu que Van Gogh pintou, em 1889. Lá está um céu turbulento, que ele chamou de "The Starry Night" -Noite Estrelada" - e foi pintado do asilo, em Saint-Remy (13 meses antes dele se suicidar, com 37 anos). Van Gogh pintou uma noite cujas estrelas ele não via.
Essa famosa tela serviu de inspiração para Josh Groban escrever a belíssima "Starry, Starry Night", cantada maravilhosamente bem por Don McLean ( Starry, starry night/paint your palette blue and grey/look out on a summer's day/with eyes that know the darkness in my soul/shadows on the hills/sketch the trees and daffodils/catch the breeze and the winter chills/in colours on the snowy linen land).
Alem de Van Gogh, há ainda os famosos versos de Olavo Bilac ( 1865/1918):
"Ora ( direis) ouvir estrelas?/ certo, perdeste o senso/ E eu vos direi, no entanto/ Que, para ouví-las/muitas vezes desperto/ E abro as janelas, palido de espanto".
Ou, Das Utopias, Mario Quintana: "Se as coisas são inatingíveis...ora!/Não é motivo para não querê-las.../Que tristes os caminhos, se não fora/ A presença distante das estrelas!"
Ah, as estrelas, assunto infindável!
"Vi uma estrela tão alta/Vi uma estrela tão fria", escreveu Bandeira...
Melhor parar por aqui. E ir à janela...olhar as estrelas.
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