Duas mulheres se encontram à porta de um edifício. Uma sai e outra entra. A primeira dá passagem à mais velha dizendo:
- Entre. Deixo a idade passar antes da beleza.
A mais velha entra e diz:
- E agora passe você. Porcos depois de uma pérola.
Esse ferino diálogo aconteceu entre a escritora Lillian Hellman (a mais velha) e sua arquiinimiga Claire Booth Luce, também escritora teatral. É parte de um texto da atriz Beatriz Segall para O Estado de S. Paulo (Caderno 2 – Cultura) comentando o relançamento da peça de Lillian Hellman As Pequenas Raposas traduzida por Clarice Lispector (José Olympio), encenado por ela entre 2004/2005. Mulher do também famoso escritor Dashiell Hammett (“O Falcão Maltês”) o casal enfrentou o período da caça aos comunistas do senador Joseph McCarthy, na década de 50 nos Estados Unidos. Intimada a depor no tribunal, se negou a falar. Seu gesto corajoso foi imitado depois por outros norte-americanos acusados de terem ligação com a esquerda. De Lillian Hellman também foi lançado no Brasil, anos atrás, Pentimento (sugiro a leitura, embora esgotado talvez possa ser encontrado em sebos), que resultou no belo filme Julia (1978) de Fred Zinnemann, com Jane Fonda e Vanessa Redgrave.
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