sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

FLORIANÓPOLIS E AS DEMOLIÇÕES

As ações têm sido rápidas. Máquinas pesadas avançam em direção as casas e vão derrubando tudo. Já foram demolidos o Kioske do Pirata na Praia Brava, um deck construído na Lagoa da Conceição e quatro edificações na praia da Armação e Lagoa do Peri, sul da Ilha. Gerson Basso, diretor superintendente da Fundação do Meio Ambiente, em várias entrevistas tem sido enfático: “Nossa intenção com essas demolições não é trazer o caos para a cidade, mas sim fazer valer a lei sem distinção se é rico ou pobre”.


As ações de demolição são aplaudidas por todos os defensores do meio ambiente. Construções irregulares devem, sim, serem demolidas. Mas há uma pergunta no ar ainda sem resposta convincente do diretor da FLORAM: Se a lei é para todos, por que aquela mansão de 1.536 m², propriedade de Dilmo Wanderley Berger, localizada na Rua Desembargador Pedro Silva, em Coqueiros, entre as praias da Saudade e do Meio, construída sobre o mar, continua lá, embora já tenha sido objeto de ação do Ministério Público Federal de Santa Catarina? Essa pergunta já foi feita nesta semana diretamente ao Sr. Basso, em entrevista à CBN/Diário. Sua justificativa: quando Angela Amin era prefeita concedeu o habite-se, portanto, ele nada pode fazer. Não é necessário dizer o óbvio: Dilmo é irmão de Dario que é prefeito de Florianópolis e chefe do Gerson Basso.


Basso informou que tem 5.000 processos tramitando no setor jurídico da FLORAM e que, aos poucos, sua equipe vai analisando e, quando necessário, autorizar as demolições. Disse contar com total apoio do prefeito e agirá de acordo com a lei (“sem distinção se é rico ou pobre”). E se o dono do imóvel construído em promontório e terras da marinha for irmão do prefeito? E se em tantos outros imóveis,visivelmente construídos em áreas de preservação permanente, seus proprietários são pessoas influentes, com fortes ligações com empresários da construção civil? E se houver um jogo de interesse entre promotores de grandes eventos e o poder público? Nesses casos, a lei também será aplicada?


Gostaria de ouvir uma resposta afirmativa. Resposta que não ouvirei. Que pena. A cidade continuará, aos poucos, vendo suas áreas mais nobres sendo ocupadas de forma desordenada e sem obediência às leis de proteção ao meio ambiente.

2 comentários:

  1. O "habite-se" não seria justificativa. O Kioske do Pirata não tem habite-se? Ora, se a casa está dentro do mar, com ou sem habite-se, com projeto ou sem, continua dentro do mar.
    Parece que esse secretário está preparando a sua campanha política. Está trabalhando, mas não de forma indiscriminada. Está na vitrine mas não enfrenta os poderosos. A vitrine já é campanha.

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  2. E no habite-se já tinha a piscina e a quadra de tênis?

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