segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ONGS CONTRA EUTANÁSIA NOS CÃES

Representantes de diversas ONGs de Santa Catarina não concordam com a decisão da Vigilância Sanitária de sacrificar cães com leishmaniose. No Seminário Leishmaniose Visceral realizado sábado, em Florianópolis, promovido pelo Instituto Ambiental Ecosul, o Dr André Luis Soares da Fonseca, advogado, médico veterinário e professor da Universidade Federal de Mato Grosso foi enfático: "o cão não é o principal hospedeiro da leishmaniose. Não se sabe quem é o hospedeiro. O cão, cujo exame sorolológico der resultado positivo, é portador e não transmissor. A doença é vetorial e não é infecto-contagiosa". Ou seja, sendo uma doença vetorial, transmitida pelo mosquito, logo, "quem dever ser eliminado é o vetor, ou seja, o mosquito". Quanto aos hospedeiros, tanto podem ser os cães, como morcegos, ratos, macacos...

Contrário a eutanásia, o Dr. Soares da Fonseca fez uma longa e minuciosa explanação sobre a doença, o diagnóstico e o tratamento. "Não há cura - disse - mas "existe tratamento". Mas há necessidade que o proprietário do animal se responsabilize em tratá-lo. "Matar os cães não contribui para o controle da leishmaniose visceral", disse. Segundo ele, "a eutanásia é uma atitude anti-ética e não é eficaz".

O que fazer, então? Na sua opinião, caberia ao Ministério da Saúde quebrar a patente da coleira (vendida por uma multinacional) que protege os animais por um período de seis meses e distribuí-la gratuitamente. Além disso, o MS deveria também distribuir gratuitamente as vacinas, cabendo à Vigilância Sanitária fazer uma constante vigilância sanitária e ambiental. Seria uma ação preventiva conjunta entre médicos veterinários e agentes da saúde pública.

O veterinário e professor da UFMG foi enfático também quanto à responsabilidade do dono do animal infectado: "se ele não tratar seu cão, comete crime ambiental".

Ainda no sábado, representantes de ONGs de proteção e defesa dos animais, informaram que pretendem agir - talvez acionando a justiça - para evitar que seja cometida eutanásia nos cães. "O assunto é serio e muito complicado", disseram.

Há informações de que 15 animais já foram sacrificados no Canto dos Araçás, na Lagoa da Conceição. No próximo sábado, técnicos da Fundação Oswaldo Cruz devem chegar a Florianópolis para percorrer a região afetada e colher amostras de animais e tentar localizar quais hospedeiros estão transmitindo a leishmaniose.

Um comentário:

  1. Obrigada, Elaine! Consigo me atualizar sobre esta terrível doença somente através do teu blog. As providências necessárias que devo tomar em relação ao meu cão são dadas pelos veterinários da Lagoa (graças a São Francisco, os que tenho entrado em contato são contra à eutanásia). As coleiras já não são encontradas no comércio específico. Enfim, pacientemente ainda aguardo o posicionamento e orientações concretas das autoridades competentes ligadas à Secretaria da Saúde. Beijos.

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