Nome em homenagem aos antigos moradores da Lagoa da Conceição que costumavam pegar muito siri nos seus balaios.Em especial a Lina Alexandrina, velha dama digna, rendeira, benzedeira, personagem rara de um lugar hoje totalmente transformado.E também porque, como os siris, aqui, um assunto puxa outro, passando por cinema,literatura,politica, assuntinhos leves, coisas da vida...
domingo, 23 de agosto de 2009
A MÍDIA E O JOGO DE PODER
Celso Vicenzi é um competente jornalista e, recentemente, publicou no site ao qual colabora, uma relfexão sobre a credibilidade dos jornalistas que trascrevo abaixo. É uma boa reflexão sobre a nossa profissão.
A Credibilidade dos Jornalistas
Celso Vicenzi
Saiu há pouco o resultado de uma pesquisa que põe jornalistas, profissionais de marketing e publicitários entre as 10 profissões com maior índice de credibilidade no Brasil. Respectivamente na quinta, oitava e nona posições. A pesquisa foi realizada pelo grupo alemão Gfk, que ouviu 17 mil pessoas em 16 países europeus, nos EUA e no Brasil. No plano internacional, porém, as três profissões ocupam as 12ª, 13ª e 16ª posições. Talvez porque o povo, nesses países, tenha mais acesso à educação e, consequentemente, maior discernimento crítico.
Bombeiros, carteiros, médicos e professores de ensino fundamental e médio obtiveram os melhores índices. Vale lembrar que os políticos, sem nenhuma surpresa, ficaram em último lugar, com apenas 16% de credibilidade no Brasil e 18% internacionalmente. Não vou comentar sobre os profissionais de marketing e publicitários, pois temos ótimos colunistas aqui no “acontecendoaqui” para se ocupar dessa tarefa, se assim desejarem.
Meu foco são os jornalistas e o jornalismo, meu território há 35 anos. Há coisas boas e ruins para falar. Diante do enorme poder que a mídia exerce, hoje em dia, sobre a opinião pública, acho melhor alertar para alguns problemas. Falarei das virtudes em outra ocasião.
Parece-me que, apesar de não serem poucas as vezes em que nós jornalistas nos precipitamos e atropelamos os acontecimentos, pecamos pela falta de análise consistente, abusamos da superficialidade e não contextualizamos devidamente os fatos – para não falar daqueles que ideologicamente optam por desvirtuar, omitir e manipular informações – a população ainda têm nos olhado com confiança porque, num país em que os poderes públicos pouco fazem, perdidos em burocracias e lutas intestinas pelo poder, coube à mídia, no Brasil, à tarefa de responder minimamente às angústias do povo.
Um dos problemas é que, na ânsia de fazer justiça, os jornalistas, não raro, ultrapassam os limites da sua função e passam a proferir sentenças, sobretudo condenatórias, antes mesmo da Justiça se manifestar. Simples suspeitas viram manchetes de primeira página. E desmentidos, não raro, se escondem num pé de página. A mídia, que tanto se arvora no direito de a todos julgar, dedica-se muito pouco a admitir, publicamente, seus erros e os interesses que estão em jogo. E que não são poucos. Há uma corrida, cada vez maior, pelo que se denominou de “espetacularização” da notícia. Tudo vira espetáculo. Inclusive tragédias. E diante de um drama brutal que acaba de acontecer, com famílias chorando seus mortos, os jornalistas se acham no direito de fazer perguntas. Há uma invasão de privacidade. Há um despudor sem limites. Entra-se no cenário de um drama sem pedir licença à dor alheia. Há a busca insistente por imagens e depoimentos impactantes, que emocionem as multidões.
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