A canção final do show de Joan foi de tirar o fôlego: sua versão a capela do clássico gospel “Swing Low, Sweet Chariot”. A doce voz de soprano suave como veludo e afiada como uma lâmina, atravessou os pingos de chuva do ar noturno e atingiu de maneira profunda e comovente os corações dos peregrinos cansados diante dela.
Havia a música. A idéia de rejeitar o resto do mundo e viver de maneira natural. Havia a cultura das drogas. A posição contra o governo, especificamente sua política para o Vietnã. E tudo se agrupou naquele momento. É interessante que chamem de Nação Woodstock porque era isso que todos queriam – estar separados, ter sua própria comunidade. E por três dias todos a tiveram. Quando olho para a segunda metade dos anos 1960, percebo que foi o único período em que ouvi falar a sério sobre o amor como uma força para combater a ambição, o ódio e a violência.
Não penso que Woodstock foi um “milagre” – algo que pode acontecer apenas uma vez. Nem penso que os que dele participaram estabeleceram uma tradição instantânea – uma maneira de fazer as coisas que instituiu um padrão para eventos futuros. Foi uma confirmação de que esta geração tem, e compreende que tem, sua própria identidade.
Ninguém sabe qual será o desdobramento: ainda é muito recente. Em resposta à sua mansidão, penso nas palavras “olhai os lírios do campo...” e espero que nós – e eles mesmos - possamos continuar a confiar na comunidade de sentimentos que fez tantos dizerem sobre aqueles três dia, “Foi lindo”.
Depoimento da antropóloga Margaret Mead à revista Red, em 1970.
...Mas o problema era que eu estava no palco e não sabia mais o que cantar, então olhei para cima e disse, “liberdade não é o que eles fazem a gente pensar que é, nós já temos. Tudo que devemos fazer é exercê-la, e é isso que estamos fazendo bem aqui”. Então comecei a tocar umas notas procurando alguma coisa e a palavra saiu, “freedom” (liberdade).
De Richie Havens, o primeiro a cantar.
Os hippies dividiam tudo que tinham – comida, salada de cenoura com passas, barracas, um baseado. Quatrocentos e cinqüenta mil, ou seja lá quantos estavam lá, era um organismo vivo de gente. Muitos viram a lama, as coisas feias. Eu só posso dar minha visão do que vi, e o que vi foi uma convergência verdadeiramente harmoniosa. Era o começo da revolução da conscientização em grande escala.
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