domingo, 3 de maio de 2009

NO ACONCHEGO DO LAR E AS LEITURAS DO DIA


Fotos: elaine borges

Num dia como o de hoje, bom mesmo é ler cadernos de cultura dos jornais, a revista Piauí, alguns artigos na Internet... Já a minha amiguinha de quatro patas, se não está ao meu lado, aconchegada entre as coloridas almofadas, às vezes sacia sua sede na torneira do tanque e retorna ao seu cantinho (hoje, ela escolheu ficar entre as almofadas). Vimos, nos noticiários da TV, as alarmantes estatísticas sobre a gripe suína (agora chamada gripe A) e o medo aumenta. Se as autoridades da saúde já dizem que ela inevitavelmente chegará aqui, resta saber se o país está mesmo preparado pra evitar que se alastre de forma catastrófica.
Melhor mudar de assunto.
Entre as leituras, uma me deu imenso prazer de ler: a entrevista que a competente jornalista Lúcia Guimarães fez com o lendário jornalista americano Gay Talese publicada no Caderno 2 do Estadão. Autor de livros como A Mulher do Próximo, sobre a revolução sexual da década de 70, Frank Sinatra Está Resfriado, O Reino e o Poder, (um relato minucioso sobre o New York Times, onde ele trabalhou na década de 60) entre outros, Talese relata que leva anos para escrever um livro. Tem o hábito de carregar fichas nos bolso e ali escreve o que vê, e diz que gosta mesmo é de entrevistar pessoas desconhecidas("eu sou o historiador de pessoas que não têm história registrada em público").
"Por que nós precisamos de jornais?" pergunta Lúcia Guimarães. A resposta de Gay Talese: - " Porque no prédio de qualquer redação de um jornal respeitável, a qualquer momento, há menos mentirosos por metro quadrado do que em qualquer outro prédio. Há mentirosos nos jornais também, mas em menor número. Nos prédios do governo, nas escolas, instituições científicas, estádios de esporte, nas fábricas, a mentira circula num grau mais alto. Os jornais estão mais interessados na verdade, mesmo se cometem erros, às vezes, erros involuntários. E se você ainda quer a verdade, é mais fácil chegar a ela por intermédio de um jornal do que em qualquer outra instituição. Os jornais ainda oferecem a melhor chance de manter a verdade em circulação".
E eu fico cá com minhas dúvidas. Certo, sendo um jornal respeitável, confiamos nele. Mas há a meia verdade, informações dúbias, a versão de quem está no poder tem mais peso do que os que ficam na ante-sala do poder. Há um forte jogo de interesses entre o público (governo e afins) e o privado (empresários, banqueiros...). Não sei não, mas meu otimismo e confiança na imprensa já foram bem mais intensos.

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