... e o Ipê na Lagoa floriu (foto: elaine borges)
Aos poucos, levanto meu corpo , seguro na borda da cama, e dou pequenos passos em direção ao banheiro. Olho meu rosto no espelho, levanto os braços, percebo que meus dedos das mãos estão bem mais finos, minhas pernas, mais frágeis. Caminho devagar. Subo as escadas segurando o corrimão. Na rua, me perguntam: '' aquela é sua filha? " É minha irmã. A doença, quando chega e custa a ir embora, causa mudança profundas no corpo. E, dependendo do tempo em que atinge seu físico, a fragilidade aumenta. Mas então vem a surpresa, a boa surpresa: a mente, o raciocínio, não são afetados pela dor que às vezes é quase insuportável. Há, sim, uma certa lerdeza. Ler continua sendo um grande prazer, mas as letrinhas, se forem miúdas, exigem mais paciência na leitura. Dependendo do livro ou da revista, por enquanto alguns estão na pilha que todos que gostam de ler, costumam ter. Uma delas é a revista Piauí. Seus textos enormes, com letras miudinhas, exigem de mim muito esforço. Nada de livros com temas tristes, trágicos... Estes também estão na pilha que ultimamente está cada vez maior. Entre as alegrias, nos dois últimos dias um livrinho que passaria despercebido na banca, não fosse a amiga Gise me emprestar exatamente no momento em que eu estava meio down. O autor: John Kennedy Toole. O livrinho: Uma Confraria de tolos. Já nos primeiros parágrafos, comecei a rir. A Gise já tinha avisado :"é hilário!" E é mesmo. Quando lançado, o The New York Times disse ser de uma "inventividade surpreendente". Naquele ano, 1981, ganhou o Prêmio Pulitzer.
Há mais para escrever sobre tão saborosa leitura. Mas cansei. Essa é a primeira vez que retorno ao blog. E ontem também fotografei o belo Ipê que floresceu cá no jardim da casa da Virgínia. Um bom recomeço, espero. Enquanto isso, vou tentando reforçar os músculos ( ainda tenho?), superar as dores, ficar mais firme, equilibrada, para continuar a curtir a vida que a mim me foi dada e que sempre agradeço.