quinta-feira, 29 de abril de 2010

DENÚNCIA: CÃES MORTOS A TIROS PELA PM

Uma grave denúncia foi veiculada ontem (quarta) na RBS TV e publicada no DC on line à noite. A matéria, assinada pela repórter Adriana Krauss, acusa policiais responsáveis pelo canil, no município de São José, de mandar executar a tiros cachorros que não seriam usados pela instituição. A pratica de mandar matar os cachorros não é de hoje. Tanto que há uma ossada dos animais no terreno do canil que fica em Barreiros.

Essa é mais uma barbárie praticada contra animais indefesos. A ONG é o Bicho já teria comunicado ao comando da PM que denunciariam essa abominável pratica que fere a legislação federal.


Segue a íntegra da matéria:


Um policial militar está acusando o comandante do canil de São José, o major Claudionor de Souza, de mandar executar cachorros na instituição. Segundo o PM, que não quis se identificar, um cão teria sido executado com um tiro dentro do canil, no bairro Barreiros.

— O cão estava saudável, não aparentava nenhum tipo de doença que justificasse o sacrifício dele — comentou.

O animal, de acordo com o denunciante, teria chegado ao canil em um carro particular e seria de um capitão que queria se livrar do bicho. O policial conta que esse não foi o único animal morto a tiros. — Isso já vem acontecendo há bastante tempo, inclusive em comandos anteriores, se tornou praxe. Existe uma infinidade de ossadas enterradas na propriedade da polícia, onde fica o canil — garantiu.

Desconfiado de que a informação havia ultrapassado os muros do canil, o major teria orientado os policiais a reduzir as mortes a tiros. A orientação, então, seria a de abandonar os cães em comunidades carentes.Na última sexta-feira, Claudionor teria ordenado que outro animal fosse morto a tiro. Seria um cão da raça pastor alemão doado por moradores para ser adestrado e trabalhar em operações. Mas, no dia da execução, PMs teriam se recusado a puxar o gatilho e avisaram uma organização protetora de animais sobre o procedimento.

Representantes da ONG É o Bicho avisaram o canil da PM que denunciariam a prática que fere a legislação federal. O cachorro foi encaminhado para uma clínica no bairro Estreito, em Florianópolis, onde foi morto com medicamentos. A justificativa: o cão, que não teria sido aprovado no adestramento, estava com sarna. A doença, no entanto, teria tratamento fácil e não explicaria o sacrifício.


O que diz a PM


O coordenador do departamento de comunicação social da Polícia Militar, coronel João de Amorim, informou que a corregedoria foi acionada, ainda nesta quarta-feira, para investigar a denúncia. Também destacou que será aberta uma sindicância para verificar a veracidade dos fatos e, se necessário, pode ser aberto inquérito policial. De acordo com Amorim, o major Claudionor não vai se pronunciar por enquanto. Ele será ouvido durante as investigações.

terça-feira, 27 de abril de 2010

DE BERNSTEIN AOS JORNALISTAS: SEJA UM BOM OUVINTE

Uma velha pergunta: qual seria o primeiro conselho que você daria a um jovem repórter ?


“Seja um bom ouvinte! Penso que jornalistas se tornaram maus ouvintes. Com frequência, vão fazer uma reportagem a partir de noções pré-concebidas sobre o assunto, especialmente quando trabalham com câmeras. Fazem perguntas apressadas e vão embora.


Minha experiência me ensinou que o que eu pensava que a reportagem seria – tanto no caso de Watergate quanto no de Hillary Clinton, por exemplo – era muito diferente do que acabou acontecendo. Porque eu ouço as pessoas. Eu as respeito, sejam elas quem forem. A maioria de nossas fontes no caso Watergate era gente do Partido Republicano que trabalhava ao lado de Richard Nixon ! E eu os respeitava.


Penso que hoje há cada vez menos algo assim. Quando você se senta para ouvir um entrevistado, precisa dar a ele tempo para se explicar. Você termina aprendendo coisas incríveis! Quase sempre, é algo diferente daquilo que a gente esperava quando chega com a lista de perguntas.


O conselho acima é do Carl Bernstein, o repórter que derrubou um Presidente, em entrevista ao também ótimo jornalista Geneton Moraes Neto, conhecido pelos Dossiê veículados na Globo News. Geneton diz no blog, que toda vez que vai entrevistar alguém, pensa: "por que será que estes bastardos estão mentindo para mim". Para ele, essa é a fórmula ideal do jornalismo.

A longa entrevista é uma bela lição de como exercer a profissão de jornalista.

Sugiro a leitura.

DE NOVO, CHUVA PREJUDICA POPULAÇÃO DE SANTA CATARINA


Lagoa da Conceição e Beira Mar Norte (fotos: elaine borges)

Após intensas chuvas registradas em Santa Catarina nos últimos seis dias, a previsão da meteorologia é de que a partir de hoje o tempo comece a melhorar. Até ontem à noite, um total de 14 municípios - Anchieta, Bela Vista do Toldo, Caçador, Concórdia, Dona Emma, Lebon Régis, Matos Costa, Nova Itaberaba, Penha, Presidente Castelo Branco, Rio das Antas, Rio do Campo, Timbó Grande e Xavantina - continuavam em situação de emergência. Segundo informações da Defesa Civil, oito rodovias estaduais estão com problemas nas pistas. Na BR-280, alguns trechos estão interditados por queda de barreiras. O nível do rio Itajaí Açu em Blumenau também já estava baixando (8,36 metros às 22 horas). Em Florianópolis, uma enorme pedra deslizou de uma encosta, no bairro Saco Grande, e atingiu parte de um Centro Espírita, obrigando uma família de sete pessoas que morava ao lado a deixar sua residência por orientação da Defesa Civil. Nesse período de intensa chuva, 4.669 pessoas ficaram desalojados, 527, desabrigados, atingindo 1.193 residências. Segundo cálculos das autoridades estaduais, a previsão é de que serão necessários R$ 8 milhões para socorrer às populações atingidas pelas chuvas. O governador Leonel Pavan (PSDB) vai solicitar repasse imediato desse total ao Ministério da Integração Nacional. Pavan disse ao Diário que "como houve muitas intempéries seguidas, os gastos da Defesa Civil retiraram praticamente todo o nosso fundo". No entanto, desde as enxurradas de novembro de 2008, inúmeras famílias ainda continuam desabrigadas à espera das casas prometidas.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

MEIO AMBIENTE: MAIS AMEAÇAS DE DESTRUIÇÃO (2)

Segue abaixo mais um grave problema de agressão ao meio ambiente em Santa Catarina. Trata-se do projeto da fosfateira de Anitápolis, que ameaça a mata atlântica.


Com autorização do Dauro Veras, segue abaixo a entrevista que ele fez com o advogado Eduardo Bastos, da Associação Montanha Viva:


No dia 20 de abril o Tribunal Regional Federal da 4a. Região manteve por unanimidade, mais uma vez, a decisão da Vara Federal Ambiental de Florianópolis contra o projeto da fosfateira de Anitápolis. Esta é a 12a. decisão judicial contrária ao empreendimento, que ameaça uma extensa área de mata atlântica e mananciais em Santa Catarina. Fiz quatro perguntas ao advogado Eduardo Bastos, que representa a ong Associação Montanha Viva na causa.


O que significa mais esta decisão do Judiciário contra o projeto da fosfateira?


Em termos ambientais e sociais, a manutenção da liminar concedida pela doutora Marjorie Ribeiro da Silva, juíza da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, se reveste de grande importância. Demonstra a sensibilidade do Poder Judiciário Federal com os problemas e riscos potenciais apontados na ação. Apesar de toda complexidade da causa e dos interesses governamentais em jogo, as irregularidades constantes no EIA/RIMA [Estudo Prévio de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental] foram percebidas pelos julgadores, que, embasados nos princípios da prevenção e da precaução, decidiram em prol da sociedade e do meio ambiente.


Por que o projeto da fosfateira é danoso ao meio ambiente?


Diria que o projeto é danoso não apenas ao meio ambiente, mas à sociedade de modo geral. Ao meio ambiente pela perda de biodiversidade, por envolver a supressão de mais de 300 hectares de Mata Atlantica em estágio primário que abriga espécies em risco de extinção, pela possibilidade da contaminação das águas superficais e subterrâneas. Isso sem contar com a poluição e aniquilação do Rio dos Pinheiros, que abastece moradores de Anitápolis e de Braço do Norte. E social, pois o empreendimento coloca em xeque toda uma região que tem por vocação o turismo rural, a agricultura orgânica, inclusive recebendo recursos do governo federal para essas atividades. Em resumo, a luta que se trava é pela preservação de toda Encosta da Serra Geral.


Como tem sido a mobilização social quanto a esta causa?


A sociedade está pressionando os gestores a tomar posição. Houve três audiências públicas promovidas pela Assembleia Legislativa – a primeira em junho de 2009 em Florianópolis, a segunda em setembro, em Braço do Norte, e a terceira no dia 15 de abril, em Laguna. Nesta última, a Comissão Pastoral da Terra entregou ao prefeito 3.800 assinaturas de moradores de Laguna e Tubarão que são contra o empreendimento. O prefeito também se manifestou contrário. As prefeituras de Rancho Queimado e Braço do Norte se somaram ao protesto, ingressando na ação judicial. Mais de 20 organizações empresariais da região também são contrários. O Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Tubarão e Complexo Lagunar finalizou em dezembro de 2009 um parecer técnico que aponta todas as irregularidades do EIA/RIMA e diz que o empreendimento é inviável do ponto de vista ambiental, social e econômico. Há duas semanas a procuradora da República Analúcia Hartmann, do Ministério Público Federal, também requereu a entrada como co-autora no processo.


Qual será o trâmite desta ação daqui para a frente? O projeto está suspenso em definitivo?


Mantida a liminar, e após a análise do mérito nos agravos [agravo é um dos tipos de recurso existentes no processo civil brasileiro], o próximo passo a ser executado pelo governo do estado, prefeitura de Anitápolis, Fatma [Fundação do Meio Ambiente, órgão ambiental do governo de SC], União, Bunge, Yara e IFC [Indústria de Fosfatados Catarinense] pode ser a interposição de recurso no Superior Tribunal de Justiça. Ainda que o façam e em sendo mantida a decisão, o processo na Vara Federal tem seu trâmite normal, ou seja, passará a ser efetivamente julgado. Audiências e produção de provas, até a prolação da sentença. E a partir dessa, de novo o ciclo de recursos se inicia. O risco de a atividade ser viabilizada existe. Contudo, pelo que consta no processo, nos laudos e pareceres elaborados por instituições idôneas, creio que há uma sinalização pela inviabilidade do Projeto Anitápolis. Afinal, o que mais vale: água ou fosfato? Respondida essa equação simples, a decisão é mais fácil de ser tomada.

MEIO AMBIENTE: MAIS AMEAÇAS DE DESTRUIÇÃO (1)

Um Plano Diretor que propõe construir prédios de seis andares na Lagoa da Conceição; ocupação em áreas de preservação permanente; praias poluídas; falta de saneamento básico; trânsito caótico...Esses são alguns dos problemas de Florianópolis. Lamentavelmente, os problemas que resultam em agressão ao meio ambiente não se limitam só a Florianópolis. Há mais duas sérias ameaças a transformar nossa região mais deteriorada, atingindo as praias, a mata altântica, a fauna...

Uma é o projeto de construção de um estaleiro em Biguaçu pela OSX, empresa do multimilionário Eike Batista. O local escolhido foi Biguaçu, distante 17 km de Florianópolis. Sabe-se que o Ministério Público Federal solicitou à FATMA mais informações sobre o licenciamento fornecido a OSX. Outras entidades ambientais também estão se mobilizando, como o Instituto Chico Mendes que exige que o IBAMA faça os estudos de impacto ambiental.


A blogueira Paty, escreveu um longo texto sobre o assunto, do qual transcrevo os trechos abaixo:


(*) Este estaleiro tem por objetivo construir e reparar navios petroleiros, para atuar em outras empresas do empresário ligadas à produção de petróleo. Isso significa que seres marinhos, do molusco ao cetáceo, terão de conviver com tintas, graxas, arsênico, óleo e demais resíduos que um estaleiro de grandes embarcações e plataformas petrolíferas pode gerar. Com tantas águas já poluídas no imenso litoral brasileiro que poderiam ser utilizadas para este fim, Eike Batista (que já tem patrimônio de 27 bilhões de dólares, mas tem como objetivo de vida ser o homem mais rico do mundo) escolheu logo um lugar selvagem, de águas límpidas, para construir mais uma arma na sua escalada ao topo, arma essa que vai matar mais uma área ainda intacta da atuação humana destruidora .


(*) O local é totalmente inapropriado para este empreendimento. Isso porquê está localizado em meio a 3 unidades de preservação ambiental federais: Área de Preservação Ambiental de Anhatomirim (que abriga baleias francas e golfinhos, em Governador Celso Ramos), Estação Ecológica de Carijós (próxima as praias de Daniela e Jurerê, entre outras no norte de Florianópolis) e a Reserva Biológica do Arvoredo. Esta última, inclusive, por ter espécies em extinção, foi enquadrada na categoria mais restritiva de unidades de conservação, sendo proibidos mesmo a pesca e o turismo local; apenas uma pequena área é liberada para mergulho. Então, como é que agora, o órgão estadual justamente responsável por proteger o meio ambiente - a FATMA-, dá um parecer favorável ao projeto?? Não parece um contra-senso??

quinta-feira, 22 de abril de 2010

CHUVA? MELHOR FICAR EM CASA

fotos: elaine borges

Da janela, observei o dia. Lá, ao alcance dos meus olhos, a ponte Hercílio Luz . A chuva surgia, ia embora... Segundo os meteorologistas, o tempo instável com chuva intensa, em especial na região oeste, onde a situação já é crítica em várias localidades, vai continuar. A Defesa Civil está em alerta. Em dias como estes, conseguir táxi em Florianópolis é quase impossível. Ficar em casa foi a melhor opção. E foi o que fizemos, a Baby e eu, que adora enroscar-se em algum canto da casa.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

TORTURA: ALÉM DOS BOIS, AGORA OS CAVALOS

Triste fama. Além de ainda ser praticada no litoral de Santa Catarina a farra do boi (proibida por lei), surge mais uma pratica de tortura aos animais: a puxada de cavalos praticada no município de Pomerode, próximo a Blumenau e famosa por ser a mais alemã das cidades catarinenses. A "brincadeira" consiste em obrigar cavalos a puxarem sacos de areia e pedras colocados em uma carroça. O cavalo que conseguir puxar mais peso - em geral até duas toneladas - é o vencedor. Ver o animal puxar com imenso esforço tanto peso é revoltante e triste.

Pois neste domingo, os promotores da "brincadeira" - tradição de mais de trinta anos, dizem - ficaram revoltados com o protesto de integrantes da Associação de Proteção aos Animais de Blumenau (Aprablu) e partiram para a agressão. Atiraram paus e pedras nos manifestantes e também nos jornalistas que registravam o evento. A presidente da Aprablu, Bárbara Lebrecht, teve o fêmur fraturado e passará por uma cirurgia. Uma outra integrante da Associação, Patrícia Luz, também foi levada ao hospital e levou seis pontos na cabeça, resultado de uma paulada com um sarrafo.

As vítimas das agressões foram submetidos a exames no Instituto Geral de Perícias de Blumenau. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil que tem prazo de 30 dias para a conclusão.

A puxada de cavalos não é proibida.

domingo, 18 de abril de 2010

PASSAREDO

fotos: elaine borges
MODA AVE
Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro -
Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
............................................................
A voz de um passarinho me recita.
Manoel de Barros

BRINCANDO DE LEMBRAR

foto: elaine borges (*)
Nas figuras de Franklin Cascaes o pião está nas mãos do menino pronto para girar...até dormir. Só que pião dorme em pé! Quando ele gira retinho, no eixo, e bem rápido, dizemos que está dormindo. Para fazê-lo rodar é preciso muita habilidade e ser bom de pontaria. Mas também é preciso ter muito cuidado. Tem menino que faz o que parece impossível: roda o pião na palma da mão, passa de um braço para outro e faz girar até na ponta da unha!
O trecho acima é de um livro delicado, bonito, que nos leva a lembrar da nossa infância. De quando brincávamos de rodar o pião, jogando-o no chão usando como impulso um cordão; de quando o supra sumo da felicidade era correr num vasto campo para que a pandorga subisse, o mais alto possível; ou então de andar sobre pernas de pau, com alturas que desafiavam nosso equilíbrio e nossa coragem. Telma Piacentini nos conduz a esse mundo, ao nosso cotidiano infantil, através do livro "Brincadeiras Infantis na Ilha de Santa Catarina" (Fundação Franklin Cascaes - Publicações), lançado na última quarta-feira. O livro é o resultado de uma pesquisa do acervo de esculturas de argila do Franklin Cascaes (1908/1983), um dos nossos mais importantes artistas, pesquisador e escritor.
Na pesquisa, a autora descreve várias brincadeiras, como o roda pião, bolinhas de vidro, pandorga, perna de pau, roda de aro, carrinhos de madeira, batizado de boneca...Cita ainda o trabalho transformado em brincadeira, como do menino brincando de fabricar farinha de mandioca, da menina raspando mandioca, brincando de engenho de açúcar, ajudando na pesca, malhando o Judas...
Este é um livro imprescindível para quem estuda a infância na cultura brasileira, os laços entre arte, cotidiano e memória e, principalmente, para quem deseja conhecer melhor as raízes do imaginário tradicional da Ilha de Santa Catarina, escreveu Gilka Girardello, ao apresentar tão delicado livro.
E conclui: "Em tempos como o nosso, em que a expressão "Ilha da Magia" foi banalizada pelo marketing e diante do rolo compressor da urbanização descontrolada, um livro como este é especialmente necessário e políticamente contundente. Ele nos ajuda a parar, a sentir, a olhar melhor para os que está à nossa volta e para os presentes da história. Telma Piacentini nos dá a ver um outro sentido da "magia" da cultura tradicional da região, um sentido que Cascaes também via, e que tem relação com os mistérios da memória e com a potência criadora sempre renovada da imaginação infantil".
(*) Capa do livro com um pião da minha coleção de brinquedos infantis.

domingo, 11 de abril de 2010

RESSACA NA PRAIA DA JOAQUINA

Praia da Joaquina (fotos: elaine borges)

Ontem, o mar estava mais calmo na Joaquina após uma ressaca que derrubou muros e ameaçou algumas residências nas praias do sul da Ilha. Mesmo assim, ninguém se arriscou a entrar no mar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

TANTAS LÁGRIMAS

foto: elaine borges

Difícil conter as lágrimas diante de tantas tragédias: mãe chorando a perda do filho; um homem solitário, desesperado, vendo um monte de lixo cobrindo os corpos de toda a sua família; lágrimas escorrendo nas faces de um homem; duas mulheres implorando para que os bombeiros fossem lá, no alto daquele monte de entulho, tentar resgatar os corpos da família; uma menina apontando o lugar onde antes ficava sua casa...Todos sofrendo, todos moradores de um morro cujas casas foram construídas sobre o que antes era um lixão. Construções permitidas pela prefeitura de Niterói, no Rio de Janeiro. Prefeitura que há quinze anos é governada pelo PDT, cujo atual prefeito tenta justificar o injustificável: permitir e até incentivar que famílias inteiras lá, sobre uma bomba-relógio, construíssem seus lares, creches, bares, igrejas. "Se eu pudesse evitar isso, com certeza teria evitado", disse o prefeito. Reação tardia. Hoje os mortos já passam de 200.

As equipes de resgate fazem um trabalho insano, tentando encontrar corpos debaixo de uma montanha de entulho. As informações dizem que serão necessários inúmeros caminhões para tentar retirar os corpos do Morro do Bumba - esse o nome do local da tragédia. Os que se salvaram, saíram com a roupa do corpo, sem nada mais. Saíram com vida, mas o que os espera pela frente? As autoridades locais darão o devido apoio a essa gente? Eles terão de novo lares dignos? As crianças terão escolas? Ou serão instaladas em locais impróprios, longe de tudo e de todos?

A tragédia no Rio já se repetiu em outras cidades. Nosso país têm inúmeras áreas de risco ocupadas por brasileiros pobres que não têm outra opção a não ser construir suas casas nessas regiões. Florianópolis está nesta lista: há moradores nos nossos morros correndo risco de, com a ocorrência de enxurradas, verem suas casas desmoronarem. Os morros foram ocupados sem planos de prevenção, sem estudo do solo, sem planejamento. A catástrofe de 2008, em Santa Catarina, pode se repetir. E até hoje ainda há famílias esperando novas casas. Em Florianópolis hoje se discute um novo Plano Diretor para a cidade. Essa é a oportunidade ímpar que temos de elaborar um plano respeitando a opinião dos moradores, sem privilegiar grupos econômicos que apenas visam lucro imediato. As tragédias de hoje não podem ter como culpados apenas os fenômenos naturais.

Que nossos olhos um dia derramem lágrimas de alegria por vivermos em cidades bem planejadas e não sujeitas a tanta tragédia como a que vemos no Rio.

domingo, 4 de abril de 2010

OUTONO CHEGANDO...

Lagoa da Conceição - foto: elaine borges
O ventinho sul soprando, chuva... Finalmente parece que o outono está chegando.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

FIM DA TARDE: CÉU AZUL, NUVENS...

Beira mar norte - foto: elaine borges

Céu azul, algumas nuvens: terminou assim o belo dia de hoje cá na Ilha de Santa Catarina.

MARCELA: A PLANTA ABENÇOADA

foto: reprodução
Sexta-Feira Santa tem cheiro de marcela (ou macela). Tem cheiro de infância. Sexta Feira Santa era dia de levantar muito cedo, antes do sol nascer e sair pelo campo, colhendo marcela, uma planta com perfume muito especial, forte, agradável. Em bando, lá íamos nós vendo o dia nascer e já sentindo o cheiro da planta milagrosa: a colheita feita de madrugada viria com as bênçãos de Deus. Considerada importante planta medicinal, é usada para má-digestão, cólicas abdominais, dor de cabeça, tosse... Mas na minha memória o que permanece é seu perfume, o cheiro que exalava dos travesseiros cheinhos de marcela.