Fotos: elaine borges
Uma maravilha, bela, linda! Basta perguntar por que amam Florianópolis e todos, sem exceção, falam da sua imensa beleza, da paisagem, do mar...
Esse encantamento por Florianópolis vem de longe. Urey Lisiansky, navegador russo e capitão do navio ‘Neva’ que passou pela então Vila Nossa Senhora do Desterro, em fevereiro de 1804, descreveu assim o que viu. (*):
- O verde luxuriante e a rica fertilidade desta ilha favorecida, forma um singular contraste com o elemento circunvizinho. Observam-se por toda a costa laranjais e limoeiros, montanhas coroadas de árvores frutíferas, vales, planícies e campos espargidos de plantas aromáticas e belíssimas flores, que parecem brotar espontaneamente; nossas vistas tornaram-se encantadas com a paisagem. O clima é suave e sadio e, enquanto nosso olfato se deleita com os perfumes que o embalsamam, o ouvido, em tranqüilo êxtase, escuta o gorjeio de numerosos pássaros que parece terem escolhido este bonito lugar para sua moradia. Todos os sentidos, em suma, são gratificados; tudo o que vimos, escutamos ou sentimos, abre o coração para sensações encantadoras. Estas fascinantes costas podem ser reconhecidas como a Natureza própria do paraíso; tão pródigas em generosidades que são favorecidas por uma eterna primavera. (*)
O Barão Georg Heinrich Von Langsdorf era médico e estudioso de história natural, juntou-se à expedição russa que navegou ao redor do mundo e chegou à Santa Catarina em dezembro de 1803, onde permaneceu até fevereiro de 1804.
Eis o relato de Langsdorf, um observador da natureza: - A visão de qualquer terra, ou mesmo do rochedo mais estéril, é encantadora após uma viagem marítima de dois meses: ainda mais quando é o caso de uma terra que foi agraciada pela natureza em todos os sentidos, uma terra onde tudo viceja com inexcedível beleza e garbo imagináveis. – Da praia, junto ao mar, emergia uma paisagem maravilhosa, onde o verde das montanhas sobressaía mais pela coloração rubra do sol poente.
(...) A floração tão variada em cores, tamanho, constituição e variedade, exalavam na atmosfera uma mistura de perfume agradável, que a cada inspiração fortificava o corpo e vivificava o espírito.
(...) Borboletas enormes que até então só havia visto em nossos gabinetes europeus, voavam em torno de múltiplas plantas em flor, jamais vistas, ou apenas em estufas e que aqui se desenvolviam. Colibris dourados sugavam as flores açucaradas da bananeira e o canto desconhecido de pássaros ecoava nos vales bem irrigados, deleitando o coração e ouvido. (*)
(...) Borboletas enormes que até então só havia visto em nossos gabinetes europeus, voavam em torno de múltiplas plantas em flor, jamais vistas, ou apenas em estufas e que aqui se desenvolviam. Colibris dourados sugavam as flores açucaradas da bananeira e o canto desconhecido de pássaros ecoava nos vales bem irrigados, deleitando o coração e ouvido. (*)
Hoje, quando Florianópolis comemora 284 anos, aquele paraíso dos viajantes estrangeiros não mais existe. Os relatos dos que aqui moram (ou moraram), ou porque aqui nasceram ou escolheram a terrinha para viver, apontam o desrespeito ao meio-ambiente e temem pelo futuro da cidade. Mas todos destacam a beleza, a paisagem, o mar, ou seja, Florianópolis ainda é uma cidade maravilhosa, apesar de tudo.
Abaixo, a opinião de amigos (anônimos ou não) a quem perguntei por que amavam tanto Florianópolis e expectativas sobre seu futuro:
- Eu amo viver em Florianópolis por vários motivos: cresci e amadureci aqui, joguei taco no meio da rua, soltei pipa, vi o mar pela primeira vez ali em Itaguaçu, estudei no IEE e na UFSC, e o mais importante: meus melhores amigos estão aqui. Sonho, e sei que é possível sonhar, com uma cidade cosmopolita, mas, apegada a natureza, a harmonia e a paz. (Maria José Baldessar – jornalista).
- Morei em Floripa na década de 80 e foi um dos períodos mais felizes de minha vida. Me deslumbrava com cada canto da cidade. Com as praias, então... Cultivei amigos, que conservo até hoje, e lembranças que guardarei para sempre. Era uma cidade pequena e aconchegante. Hoje, na mesma geografia,, virou uma metrópole. Imagino que deva ser mais difícil viver por aí. Sei dos problemas, do desrespeito ao meio ambiente. O blog da Elaine está sempre mostrando as sandices dos homens públicos e privados! Mas espero um pouco de bom senso de todos. O suficiente para eu poder curtir a minha aposentadoria nesta Ilha maravilhosa!(Marise Fetter, jornalista - Porto Alegre).
- Acho que poderá voltar a ser habitável, sim. É só poluirmos menos, pouparmos as praias, os morros, mangues e brejos de tanta nova construção, organizarmos a entrada (turismo) e planejarmos o futuro, no que diz respeito à circulação (acessos, vias e pontes), uma vez que pouco se fala (e menos se faz) quanto a isto. Bom, amo morar em Florianópolis por causa do mar e da total liberdade de paisagem. (Saint-Clair Monteiro – jornalista)
- Amo Florianópolis, apesar das ruas esburacadas, da violência crescente, da politicagem (porque para mim política tem outro sentido) da pobreza que se alastra nos morros, da péssima infraestrutura, enfim por tudo o que ela já foi e que não é mais. (Anônimo).
- Cheguei aqui no início de 1972, vindo de Blumenau, onde estava trabalhando no Jornal de Santa Catarina que recém ajudara a fundar. Para eu me encantar com a cidade que ainda não conhecia bastou um domingo ensolarado e um passeio pelas baías no barco do Adolfo Ziguelli na companhia de outro jornalista, o Airton Kanitz. Voltei a Blumenau só para arrumar a mala e pedir demissão do JSC. Daquele tempo de encantamento até hoje acompanhei com tristeza a destruição de Florianópolis, vítima da ganância, da corrupção desenfreada em todos os níveis, e da incompetência dos nossos governantes. Hoje vivemos encurralados em casa pela falta de segurança, impossibilitados de aproveitar as belezas naturais que ainda nos restam e, pior, sem ter o que fazer diante de um legislativo municipal inoperante e comprometido com interesses escusos. A cidade que aprendi a amar não existe mais. Está contaminada como o resto do país, não há para onde fugir. (Mário Medaglia – jornalista)
- Tenho uma forte razão para amar imensamente Florianópolis: ela é minha bela e charmosa terra natal. Venho, através dos anos, acompanhando, com bastante aflição, os impiedosos maltratos e sua constante destruição por grupos de gananciosos e exploradores. Infelizmente, não vislumbro um bom futuro para esta tão molestada cidade; as lembranças que tenho dela, há mais ou menos seis décadas, descrevo, com saudades, para familiares e amigos que não a conheceram na época em que era uma formosa Ilha. (Anônimo).
- Amo Florianópolis porque aqui viemos morar quando casamos (pasme! em 1966!!!), e vivemos anos felizes cercados por essa natureza linda e abençoada que temos; aqui nasceram meus filhos que também a amaram e amam.
- O crescimento urbano alucinado e, em larga medida, predatório é uma preocupação constante. Quando teremos políticos e administradores sensíveis às necessidades de preservação do meio ambiente da ilha e de seus delicados ecossistemas e dispostos a enfrentar poderosos interesses econômicos que visam tão somente o próprio lucro? Será que é possível ter esperanças? Parece difícil... (Anônimo)
- O crescimento urbano alucinado e, em larga medida, predatório é uma preocupação constante. Quando teremos políticos e administradores sensíveis às necessidades de preservação do meio ambiente da ilha e de seus delicados ecossistemas e dispostos a enfrentar poderosos interesses econômicos que visam tão somente o próprio lucro? Será que é possível ter esperanças? Parece difícil... (Anônimo)
- Apesar de ser manezinha e ter uma lista enorme de motivos para amar morar na Ilha de Santa Catarina, vou destacar o que considero principal: a energia do lugar, que é algo inquestionável, inenarrável, indescritível.
Vai ser necessária muita conscientização dos políticos (que devem preocupar-se mais com políticas públicas na área urbana/ambiental), dos manezinhos e, principalmente, das pessoas que vem de fora e que não conseguem (ou não querem) sentir-se parte da “terra” e, por isso, não cuidam dela. Já que, hoje, o manezinho é minoria na Ilha. Mas eu nunca vou perder a esperança! (Mylene Margarida – jornalista).
Vai ser necessária muita conscientização dos políticos (que devem preocupar-se mais com políticas públicas na área urbana/ambiental), dos manezinhos e, principalmente, das pessoas que vem de fora e que não conseguem (ou não querem) sentir-se parte da “terra” e, por isso, não cuidam dela. Já que, hoje, o manezinho é minoria na Ilha. Mas eu nunca vou perder a esperança! (Mylene Margarida – jornalista).
(*) Do livro Ilha de Santa Catarina - relatos de Viajantes Estrangeiros nos Séculos XVIII e XIX (edição Assembléia Legislativa SC/1979).
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