Gosto muito de Águas de Março do Tom Jobim. Ouvir Elis Regina cantando tão bela música, fica mais bonita. E como faltam apenas sete dias para terminar este março tão chuvoso - sem qualquer garantia de que as chuvas irão embora porque, se há uma coisa maluca neste estranho século, é o tempo e sua imprevisibilidade... Mas está marcado: termina março, vai-se o verão, com ele as chuvas e vem o outono (viva!).
Então, vai parte da letra da
ÁGUAS DE MARÇO
Tom Jobim
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É pereba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o MatitaPerê
É madeira de vento, tombo de ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é a conversa ribeira
das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.
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