sábado, 14 de março de 2009

CONVERSANDO COM MINHA GATINHA

foto:elaine borges

Às vezes, quase sempre aos sábados, minha amiguinha de quatro patas me olha e pergunta: "E então, como foi a semana?" Sei bem que ela só quer iniciar um assunto, dialogar, quebrar o longo silêncio que se estabelece entre nós. Nada que deixe o ambiente pesado. Ao contrário. Estamos sempre em sintonia. Mas hoje, em especial, ela tinha algumas dúvidas. Por exemplo: ela viu, noite dessas, um senhor careca aparecer na televisão, entre o intervalo das notícias, e anunciar um grande empreendimento, o Joinville Garden Shopping. O espanto da minha gatinha não era a propaganda em si, mas sim aquele senhor:"Esse não é o governador de Santa Catarina, Luís Henrique da Silveira?". Tão espantada quanto ela, constatei: era mesmo o Governador fazendo papel de garoto (ou "senior") propaganda. Daí a sábia gatinha ficou na dúvida: "E o tal ritual do cargo?". Ora, isso não mais existe, respondi. Antes, havia todo um cerimonial no trato e no comportamento daqueles que ocupavam altos postos na República, o tal de ritual. O homem que exercia tal cargo tinha algumas pequenas (mas importantes) normas a seguir. Hoje isso acabou. Basta observar o comportamento daquele que exerce o cargo maior em nosso país, o Presidente da República. Esse, então, quebra todos os tais rituais. Gosta de contar piadas, falar bobagens... Agora, então, lá nos Estados Unidos, no encontro com o Barak Obama, vai decidido a dar "uns conselhos" para o presidente americano. Há quem tema que ele chame Obama, de Osama.  Bom, tudo é possível.
 Volto à entrevista do poeta Ferreira Gullar na Bravo. Quando lhe pediram pra fazer uma avaliação do governo Lula, respondeu: "Avalio mal. O Lula é um grande pelego. Sabe aquele indivíduo que se infiltra nos sindicatos para amortecer os conflitos entre trabalhadores e patrões? O Lula age exatamente assim. Por um lado, agrada os banqueiros e os empresários. Por outro, corrompe o povão com programas assistencialistas. Posa de líder popular, e a massa o aplaude. Viva o pai dos pobres! Resultado: todo mundo confia no Lula, o rico e o miserável. Em decorrência, as tensões sociais se diluem. Que maravilha, não? Um país de carneirinhos..."
Mas voltando ao papo com a minha esperta gatinha. Ela continua preocupada com a crise que assola o mundo. Estava mais tranquila quando ouviu o Lula (sempre ele) dizer que aqui chegaria apenas uma "marolinha". Outra bobagem. Estamos em plena crise. As demissões aumentaram, o desemprego bate à porta. E, de novo, Bibi, sentada ao lado do "dinheirinho em penca", confessou: "Quem sabe essa bela planta não traga mais dinheirinho pro povo brasileiro?" Ela garante ter bons fluídos ( e eu bem sei disso) e por isso decidiu permanecer o mais tempo possível ao lado da planta. "Milagres - disse - existem também no reino da gatolândia". 

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