domingo, 8 de março de 2009

SEM MEDO DA VELHICE

Hoje, Dia Internacional das Mulheres, li várias reportagens sobre o tema. Vi manifestações de mulheres em São Paulo pela liberalização do aborto. Li artigos sobre mulheres na política (poucas, ainda). E li também esta reportagem no Estadão O Tempo como Aliado -, assinada por Vera Fiori. Nela, a jornalista entrevista mulheres de 50, 60 anos que “na contramão do culto à juventude” dizem que “não temem a velhice”. Transcrevo trechos de dois depoimentos:

- Antigamente os pajés eram os donos do conhecimento, e os idosos sabiam encomendar os mortos. A memória só podia ser armazenada na mente das pessoas e os mais velhos zelavam pelas lembranças do grupo social. Aos poucos, esse armazenamento foi sendo feito por livros e pela internet. Não pergunte ao seu avô, mas ao Google. O velho perdeu conhecimentos de base e foi despido de seu valor.

(...) Quanto à febre das intervenções estéticas, lembra que não apenas as mulheres, mas também os homens entraram nessa corrida. "Falou-se tanto da ministra Dilma Roussef, mas ninguém comenta o botox de Lula em quantidade de entorpecer as cobras do Butantã." Diz que não teria coragem de se submeter a um lifting - "coisa que, no futuro, será vista como uma barbárie" - muito menos colocar "peito de borracha". É adepta da dieta mediterrânea, bebe vinho todos os dias, não fuma e faz exercícios com um terapeuta corporal, além, é claro, de produzir muito. Casada há 37 anos com o escritor Affonso Romano de Sant?Anna, conta que, além da paixão comum pela literatura, ambos adoram viajar. (Da escritora, jornalista e ilustradora Marina Colasanti, 71 anos - ou "pra lá de Marrakesh" , como brinca).

- Nunca quis ser prisioneira da juventude. Quero aparentar os meus 51 anos, e não 30, 40. Sigo a filosofia budista, na qual, ao se aceitar a morte, vive-se muito bem, e viver bem, para mim, não passa pela questão de responder por esse massacre da beleza, da ditadura do vigor sexual. Estou na contramão. Meu objetivo é contar histórias com o rosto que tenho e que estou construindo. Assim posso contá-las melhor. Quero chegar aos 80, 90 anos sendo uma referência. Luto para isso diariamente. ( Cássia Kiss, atriz, 51 anos).

Um comentário:

  1. Mulheres corajosas!!! Concordo com elas, mas as ditaduras da moda e da beleza, impostas pela mídia, me dão uma canseira danada. Trabalhar a cabeça não é mole!!!!

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